Fez-se justiça
Foi com palavras fortes e sem eufemismos que o Tribunal de Loures condenou ontem o homicida de Bruno Candé a 22 anos de prisão, para além de uma indemnização de 120 mil euros aos filhos da vítima. A juíza referiu não haver “qualquer dúvida” que se tratou de uma “execução sumária” e de um crime de ódio racial.
Os advogados da família de Bruno Candé, assassinado na via pública em Julho de 2020, em Moscavide, consideraram esta condenação “uma decisão histórica”, tendo sido provado que o crime foi motivado por ódio racial. “Preto de merda, vai para a tua terra. Tens toda a família na senzala e devias também lá estar!” foram algumas das expressões com que o condenado se dirigia a Candé, provocando-o, para além de ameaças de morte que proferiu, dias antes de o matar a sangue frio.
Fez-se justiça. A violência verbal e física, marca de ódio racial profundamente internalizado mas não assumido na sociedade portuguesa, teve através desta condenação exemplar um sinal de que se fez finalmente justiça.
Este pequeno texto foi motivado pela notícia do jornal “Público” de hoje, a encabeçar a página 17 da secção Sociedade.
Almerinda Bento