Fechar ou não fechar, continua a questão!
Continuando, mas em sentido diametralmente oposto, a nota do dia de ontem, e num momento em que a decisão de fechar/encerrar as escolas ainda não está encerrada, tendo passado para o dia de hoje, lembro que a OMS declarou a situação do Covid-19 como Pandémica. Este pormenor, ainda que um pouco atrasado no tempo, terá de alterar de forma significativa a actuação dos governos nacionais em relação às medidas a tomar no combate à disseminação da doença pelas populações.
Uma grande ameaça pandémica requer medidas proactivas.
O grande erro de Itália tem sido a reactividade das suas medidas de saúde pública em relação ao galopante avanço do número de infectados.
O grande erro foi só "fechar" o país numa fase de disseminação generalizada do vírus. O grande erro de Itália foi não ter tomado uma decisão, ainda que menos consensual ao tempo, que fosse efectiva na contenção da doença.
Como sabemos, Macau, que apesar da todo-poderosa economia, foi capaz de fechar os Casinos e tomar medidas simples e de adesão generalizada da população, conseguiu conter o ataque do Covid-19, estando encostada ao foco do problema.
Como dizia ontem na RTP3 o Dr. Frois, "temos que fazer tudo para conter a doença".
Conter a doença é limitar a transmissão do vírus, é diminuir as possibilidades de contágio, é reduzir o contacto e a proximidade social e é respeitar e seguir individualmente as regras de higiene e isolamento/distanciamento/quarentena que nos são recomendadas pelas autoridades de saúde.
Convenhamos, realisticamente isto é impossível de conseguir com as escolas em funcionamento. A partir da escola, chega-se ao país inteiro, todos os dias.
E não, alunos em fecho escolar profilático em centros comerciais, parques infantis e praias não são uma consequência das Escolas estarem encerradas mas sim da falta de informação/conhecimento, de sentido cívico e de responsabilidade social individual, de que, por variadíssimas razões, ainda padecemos.
Para um agregado familiar normal, ter um filho em quarentena escolar e outro a frequentar a escola ao lado, o pai em teletrabalho e a mãe a cumprir normalmente a sua jornada de trabalho, não é uma situação fácil de entender e pode levar, no limite, à desvalorização do estado actual da pandemia.
Tendo em atenção que já existiu Itália, não podemos cometer erros, desnecessários face ao conhecimento actual da pandemia em curso.
Ricardo Furtado