Famílias Primeiro?
Folheia-se o “Público” pela manhã e não há como fugir ao rescaldo do dia anterior em que Costa apresentou o plano do governo para responder à inflação. Atrás de um púlpito com a palavra de ordem “Famílias Primeiro”, o primeiro-ministro desfiou um conjunto de apoios de 2400 milhões de euros que vão das pensões, ao preço da electricidade, às rendas, sem esquecer a classe média e o controlo da dívida…
Quando se olha para o “bónus” de meia pensão para o próximo mês de Outubro, logo se desconfia do que vem logo a seguir e se percebe que este cheque tem água no bico. Com efeito, o governo antecipa para Outubro metade do que era devido como aumento previsto para 2023. Os aumentos das pensões previstos por lei para 2023, com a aplicação da fórmula automática de actualização, que seria entre 7,1% e 8% passarão para 3,53% e 4,43%. Aumentos pela metade. Comam agora que depois já não há… Sim, porque este “bónus” de Outubro de 2022 vai ter impactos também em 2024, porque “ao transformar cerca de metade do aumento permanente previsto na lei num bónus não repetível, o valor das pensões recebidas a partir de 2024 (assumindo que não haverá novas alterações à lei) será menor do que aquilo que aconteceria se o Governo não tivesse agora optado por esta medida” citando o jornalista Sérgio Aníbal que assina o artigo com o título “Governo entrega bónus de meia pensão mas pensionistas saem a perder a prazo”.
Na defesa da sua escolha, António Costa referiu que “esta foi a forma encontrada pelo Governo para conciliar a necessidade imediata de apoiar os pensionistas com o objectivo a prazo de sustentabilidade do sistema de Segurança Social”.
Com esta engenharia financeira, os pensionistas ficam a perder e o que é mais grave é que a sensação com que se fica é que o governo do PS está a fazer de nós parvos. Até quando?
Almerinda Bento