Artigo:Eu Vi Nascer Essa Flor

Pastas / Informação / Opinião

Eu Vi Nascer Essa Flor

Era um povo de um país distante.
Povo sem voz, carne de guerra.
Em sonhos de bruma,
Em encontros amantes.

Tu foste o mar, a estrela e a vida.
Tu foste a terra, a prometida.
Tu foste a seara e a noite.
Tu foste a caravela, a guerra e a foice.
Tu foste o grilhão, o chicote de escravo.
Tu foste a condição de homem humilhado.
Tu foste a circunstância de não ser o que querias

Povo mal-amado e tão sofrido,
De voz presa e bravura sem fim.
País perdido num maltratado jardim.

Vem, doce alvorada. 
Vem iluminar a nossa esperança.
Vem afrontar os nossos medos
De perdidos sem rumo.

Vem, límpida madrugada, vem confiante
Resgatar os cegos e famintos.
Vem dar conchego e carinho
Aos que sofrem na dor.

Vem dar força e serenidade
Aos que vivem na inquietação.

Vem, suave aurora, até nós
E serás a fonte cristalina
De uma flor que irá nascer.

Nos ventos alíseos
Nas neblinas matinais
Essa flor irá crescer
E tudo nela se origina.

A pura essência da igualdade,
De irmão para irmão,
Terá como única verdade
Todas as cores da humanidade.

Para que jamais seja destroçada,
Essa flor tão ideal,
Para sempre será proclamada
Na palavra de um grito
LIBERDADE.

25 de Abril, 2024

Sílvia Baptista