“Estou sobretudo preocupado com o deslassar da sociedade”
Integrado na série de entrevistas do Público – Especial 2020/2021 Um Ano para Esquecer – o entrevistado de hoje é o médico e investigador Manuel Sobrinho Simões. Uma entrevista cuja leitura recomendo vivamente.
De novo, nesta reflexão que faz sobre este estranho ano das nossas vidas, este influente homem da ciência nos surpreende pela sua humanidade e humildade. Expressões como “Eu não sei”, “Não faço a mínima ideia” ou “Eu não sei nada disso” são constantes. A contrastar com os tempos que vivemos em que parece que toda a gente sabe tudo e de tudo, não tem dúvidas, só certezas, Sobrinho Simões expõe as suas dúvidas, os seus medos, as suas fragilidades.
Sem querer tirar o interesse pela leitura da entrevista no jornal Público, apenas ressalto alguns aspectos pontuais. Ele fala do “triângulo” dos problemas do mundo que o aflige e que se vai agravar: a pobreza, a longevidade e o trabalho. “Esta não é uma doença democrática. Estas doenças são muito piores para os pobres do que para os ricos. Mas há muitos anos que se sabe isso, não tem que ver com a pandemia. O determinante mais grave da saúde é a pobreza. “ “… a saúde é política. Não há nada mais político do que a saúde, não tem nada a ver com médicos.”
E mais não digo. É ler. É ler.
Almerinda Bento