Este Orçamento de Estado cuida da democracia?
É este o título de um artigo assinado por José Reis, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, publicado no Público de hoje, 20 de outubro de 2002.Texto pequeno, que faz inveja de como é possível "dizer" tanto e o essencial em poucas linhas.
Sustenta o autor que "Há duas decisões críticas que antecedem (os termos da proposta do OE2023):" a de "aplanar" o ano perturbador de 2002, não atendendo à inflação em curso, como se o mundo começasse em 2023, e a de assumir aquelas estimativas de inflação" (4% em 2023 e 2% nos anos seguintes) "sem saber o que acontecerá, se a realidade for diversa". José Reis sustenta que, "corretamente, o OE pretende proteger melhor os baixos rendimentos e as famílias mais vulneráveis", mas que "descuida estratos populacionais inapropriadamente designados "classes médias"". Sustenta que o OE é "assaz protetor das empresas" mas que "os salários só formalmente são alvo de atenções" e que, na melhor das hipóteses só em 2026 haverá um aumento real dos salários. Sobre o acordo assinada na Concertação Social, J. Reis é lapidar: "Transforma-se num acordo de limitação de salários! Os patrões agradecerão, os trabalhadores não." (...) "Há uma relação profunda entre estas deliberações (do OE2023) e a democracia, a começar pela democracia económica. Estamos a cuidar bem dela? Quando para um lado (o dos trabalhadores) fica o incerto e escorregadio e, para o outro (o do patronato) ficam as garantias, há um problema sério que cedo ou tarde se revelará. Deixar de for muita gente trará consequências. Depois da degradação económica vem a degradação da economia política" (...)
Vale a pena ler o texto integral!
António Avelãs