Artigo:Estamos preparados para Cantinas mais Vegetarianas?

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Estamos preparados para Cantinas mais Vegetarianas?

(Público, 16/06/16)

Num relatório publicado em 2010, as Nações Unidas fazem uma forte recomendação no sentido da restrição progressiva de produtos de origem animal na dieta humana, incluindo lacticínios, em nome da sustentabilidade ambiental, tendo em conta que a criação de gado necessária para suster os atuais padrões de consumo aplicados a uma população crescente (9,1 milhares de milhões em 2050!) exigirá uma área de cultivo que não existe no planeta Terra, bem como um considerável aumento dos gases com efeito de estufa.

Se quisermos conservar, não apenas o património natural que herdámos- já bastante delapidado-, mas também as condições ecossistémicas que garantem os fundamentais da própria sobrevivência humana, torna-se inevitável a adoção de políticas públicas que incentivem a adoção de regimes alimentares com maior incorporação de vegetais, os quais possuem uma pegada ecológica significativamente mais baixa.

Isto sem consideração pelos factores éticos relacionados com a criação e abate de animais, caros ao autor deste artigo, e que tanto relevam na decisão de muitos convertidos ao vegetarianismo ou, pelo menos, a um estilo de vida que, globalmente, potencie o menos possível o sofrimento dos animais e todo o horror implícito.

A indústria não tem de se queixar, e os empresários não têm se armar em vítimas, pois trata-se de uma mudança gradual, e não será estranha à natureza dos empreendedores deste mundo o gosto pelo risco e pela mudança, tal como se preconiza no actual admirável mundo do Santo Empresariado.

Quanto aos defensores da “cultura” da carne, lembrar que a queima de judeus no Terreiro do Paço, ou o apedrejamento dos adúlteros, também já fez parte da “cultura”. Por isso, da “cultura” também faz parte a mudança, se possível, para um mundo mais pacífico, sustentável e compassivo. 

João Correia