Artigo:Estamos a discutir o sexo dos anjos?

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Estamos a discutir o sexo dos anjos?

Confesso que tenho seguido com atenção muito do que se diz e publica sobre o Orçamento de Estado (ia a escrever português, mas parece que já há tempos que perdeu a nacionalidade).

Das artes e ofícios da economia sou um mero leigo, pelo que não será de estranhar alguma dificuldade em perceber muito do que por aí se tem dito e escrito.

Também vou dando um desconto (grande!) ao que alguns especialistas na matéria vão dizendo/escrevendo, pois já percebi que as certezas que têm hoje são semelhantes a certezas que anteriormente tiveram e que se revelaram (uma e outra e outra vez) bem mais erradas do que as das pessoas da minha aldeia sobre a previsão do tempo.

Do cumprimento dos tratados, do que o anterior governo disse em Bruxelas e cá o contrário (o que não admira pois mesmo cá também prometeu umas coisas e fez exactamente o oposto…), das décimas que faltavam no “rascunho” enviado a Bruxelas e da insuficiência para satisfazer (a gula) as exigências de quem manda, do défice estrutural assim e do défice estrutural assado, estou pelos cabelos!

Daí que fiquei atónito ao ouvir uma ex-ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, dizer que o défice estrutural é um conceito muito difícil de calcular: “Aquilo é tudo de alguma fantasia. São conceitos de tal forma teóricos que julgo que não há duas pessoas que cheguem ao mesmo cálculo”.

P´ra quê perder tanto tempo e impor tantos sacrifícios aos portugueses com base numa fantasia sobre a qual, ainda por cima, nem os teóricos se entendem? Não têm mais nada que fazer?

Já lá vão os tempos em que se discutia, acaloradamente, o sexo dos anjos.

Manuel Micaelo