Estado falha na equidade e inclusão no Ensino Superior
Como professor e sindicalista, a escolha da notícia do dia de hoje, 31 de março, era inevitável. O Público destaca na capa e desenvolve na página 24: “Estado falha na articulação com as universidades para garantir inclusão” (texto de Samuel Silva)
O relatório produzido pela rede europeia Eurydice classifica a situação como “paradoxal”: somos excelentes (pontuação máxima) na definição de objetivos e estratégias e um desastre na aplicação prática dessas estratégias (pontuação: zero). Dito de outro modo: somos muito bons na papelada e maus na prática. (Diria eu que não é só na equidade e inclusão no ensino superior. Parece fazer parte do nosso ADN). Convido-vos a ler o texto na íntegra. Mas aqui ficam mais umas ideias interessantes: a responsabilidade não será apenas do Estado, segundo o presidente da Associação Académica de Lisboa: “algumas instituições de ensino superior não se preocupam muito em fazer esse esforço”.
O “busílis” parece estar no modo de acesso ao ensino superior, segundo o texto. Fazendo-o depender de um exame nacional, acentua-se um elitismo já presente no acesso e sucesso no ensino secundário. Ou seja: equidade e inclusão exigem novas “vias” de acesso ao ensino superior.
Curioso ainda que, contrariando o discurso comum (e, creio, a realidade), o relatório considera que o Estado assegura “financiamento suficiente e sustentável e autonomia financeira às instituições de ensino superior para que possam cumprir a sua missão”.
Em suma: “Bruxelas pretende que as universidades tenham maior diversidade tanto entre os alunos como nos corpos docentes e investigadores em questões de género, etnia e origem social, por exemplo”
Que dirão e, sobretudo, que farão os ministros João Costa e Elvira Fortunato?
António Avelãs