Escolas só conseguiram ocupar 8% dos horários para professores em contratação direta
Nas últimas semanas, os meios de comunicação social têm publicado notícias sobre a falta de professores nas escolas. Na sua edição de sábado, dia 25 de setembro de 2021, o Público abordou este assunto, apresentando-o sob várias perspetivas, das quais destaco as seguintes informações:
- A falta de professores volta a marcar este ano letivo.
- Esta semana estiveram a concurso 684 lugares para professores com horários de oito ou mais horas de aulas semanais. Destes lugares, apenas 57 foram preenchidos.
- Dos 684 horários com oito ou mais horas que a partir do sábado (18/09/2021) passado estiveram a concurso na chamada contratação de escola, só 57 foram aceites, até esta quinta-feira, pelos professores que continuam por colocar.
- As disciplinas mais críticas no que diz respeito à escassez de professores são: Informática, Geografia, Física-Química, Matemática e História.
- Os resultados da quarta reserva de recrutamento, dados a conhecer nesta sexta-feira, em pouco mudarão o panorama de falta de professores que volta a marcar este ano letivo.
- No total foram colocados mais 1053 professores a contrato, dos quais 214 com horários anuais, ou seja, para substituir docentes do quadro que não estarão em funções.
- A reserva de recrutamento e a contratação de escola são os dois concursos de colocação de professores que funcionam até ao final do ano letivo para que as escolas possam ir suprindo a necessidade de substituir docentes que entrem de baixa.
- O grupo de Informática ficou apenas com mais um professor, Geografia com 19, Física e Química com 26, Matemática com 57 e História com 36. Um total de 138 docentes quando são necessários mais de 200 para assegurar a lecionação destas disciplinas.
A falta de professores é um problema já conhecido de anos anteriores, para o qual a FENPROF tem vindo a chamar a atenção dos governantes, mas em relação ao qual nada foi feito.
Este Problema agrava-se com o envelhecimento dos professores e com a fuga dos jovens à profissão docente. As medidas para reverter o problema do envelhecimento dos docentes passam por criar condições de atratividade dos jovens para uma profissão que hoje em dia não valorizada, seja no plano social, seja material; passa, também, por permitir a saída dos mais velhos, abrindo espaços ao regresso dos jovens que abandonaram a profissão; passa por criar incentivos, há muito prometidos, mas nunca concretizados, para a deslocação dos professores para regiões mais carenciadas que, atualmente, são as da designada Grande Lisboa e Algarve.
Todas as hipóteses de solução para este problema apresentam vantagens e dificuldades. Mas é ilógico querer fingir que o problema não existe. É necessário agir!
Ana Cristina Gouveia