Artigo:Escola Informação nº 247

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FORA DA ESCOLA /DENTRO DA ESCOLA É já um truísmo afirmar que o que acontece dentro da escola não é separável do que acontece fora dela. As graves circunstâncias que estamos vivendo, porém, exigem que se tome ainda maior consciência desta verdade que é já “do senso comum”: nenhum dos graves problemas que as escolas e os professores e educadores enfrentam tem resolução fora do quadro económico e político que o país vive. Por maiores que possam ser as lutas dos docentes – e é necessário que sejam fortes – as magnas questões do descongelamento das progressões na carreira, a recuperação do tempo de serviço roubado, a vinculação dos contratados só são equacionáveis no quadro de uma profunda mudança de políticas que conduza a uma substancial melhoria da situação económica do país. O mesmo se diga do financiamento das escolas (de todos os graus de ensino). É por isso que ganham particular importância as lutas gerais, desencadeadas pelas centrais sindicais, nomeadamente pela CGTP-IN, nas quais os docentes têm de participar de forma empenhada e confiante. Quando este número do EI chegar às suas mãos, terá já ocorrido a manifestação de 1 de outubro convocada pela CGTP-IN. Foi uma boa jornada de luta, um bom “pontapé de saída” e o SPGL esteve bem presente. Mas ainda estamos longe do que precisamos. Precisamos de uma enorme força que combata o doentio estado de espírito em que mergulhámos - a sensação da inevitabilidade das gravosas medidas que nos vão sistematicamente impondo. Outras manifestações ou greves inevitavelmente se seguirão – é necessário passar do tempo da resignação ao tempo da resistência. Caso contrário, será bem negro o futuro que se nos anuncia. E aos que argumentarem que isso é fazer política, responderei que a despolitização da vida nas escolas é um grave retrocesso de cidadania, que nos vem enfraquecendo como pessoas e profissionais. Esta indissociável luta com os restantes trabalhadores não significa que não haja questões da vida nas escolas que mereçam a nossa intervenção e a nossa luta (permitam-me uma pequena deriva para assinalar que os professores conseguiram finalmente pôr um ponto final no modelo de avaliação de desempenho imposto por Lurdes Rodrigues. É verdade que há condicionalismos políticos que tornaram possível esta vitória; mas ela só foi possível porque um número significativo de docentes nunca desistiu de o combater e de denunciar as aberrações que lhe estavam inerentes). A arbitrariedade que tem caracterizado boa parte da contratação de docentes – há “regulamentos” de concurso para oferta de escola que são verdadeiros casos de polícia! -, a contratação mês a mês, a transformação operada pelo MEC de horários anuais em horários de substituição transitória, a insuficiência de pessoal auxiliar e de professores de apoio devem ser inequivocamente objeto de denúncia e de combate. São necessárias mudanças que tornem mais democrática a gestão das escolas/agrupamentos; é necessário continuar a exigir horários de trabalho dignos… Em suma: são muito difíceis os tempos que se avizinham; não há pois tempo para hesitar ou para desistir; é o tempo de reafirmar que o homem é um animal político – isto é, um ser que se envolve empenhadamente na construção da sociedade. Reforçar os sindicatos como esteios insubstituíveis neste combate é uma exigência imediata. Contra a ideologia da inevitabilidade destas políticas, vamos à luta. Tem de ser. Nota: Texto escrito conforme as regras do novo Acordo Ortográfico