Artigo:Escola informação nº 243

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12 de MARÇO
ENCHER O CAMPO PEQUENO
EM DEFESA DA EDUCAÇÃO E DA PROFISSÃO DOCENTE!


Há quem diga que o “faz de conta” é uma das características do nosso comportamento. Se, como norma geral, terão ou não razão não é o que me preocupa. O que me parece evidente é que “o faz de conta” se instalou de armas e bagagens no reino do ministério da Educação. Ninguém com o mínimo de informação e de bom senso acredita no modelo de avaliação de desempenho – se é que tal se lhe pode chamar – que actualmente desvirtua as aprendizagens, destrói o normal ambiente de trabalho, envenena as relações entre os professores. De todos os conflitos, absurdos e injustiças está de certeza o ME informado; não creio que lhes falte o bom senso que já Descartes considerava ser a coisa mais bem distribuída. Aos responsáveis do ministério da Educação falta-lhes coragem e dignidade. Fecham os olhos à realidade. Fazem de conta… Talvez à espera de muito em breve se verem livres do lugar que ocupam. Se é que ocupam, porque de facto, todos já percebemos que não há ministério da Educação, é o das Finanças que determina o que a 5 de Outubro faz ou deixa de fazer.

É provável que para o ministério da Educação o acordo assinado com os professores em Janeiro de 2010 tenha sido apenas mais um “faz de conta”. Para os professores, porém, não foi. Tratou-se de um acto de enorme seriedade em que se negociou um conjunto de princípios que, reparando muito parcialmente os dislates e as irracionalidades de Lurdes Rodrigues, criavam condições que permitiriam a redignificação da profissão docente e um clima de trabalho nas escolas. A que se acrescentava a necessidade de um concurso extraordinário em 2011 que permitisse a mais que justa entrada na carreira aos docentes contratados e a saudável “circulação” dos professores dos quadros. O modo rápido e tranquilo como quem assinou e negociou o acordo o deixou cair face às exigências do ministério das Finanças permite levantar a suspeita quanto à seriedade de quem o negociou e assinou. Também é assim que se descredibiliza a política e os políticos.

Em vez de uma maior estabilidade profissional, Setembro próximo trará um aumento desmesurado do desemprego entre os professores. Faz-se tábua rasa do que ainda há pouco eram bandeiras pedagógicas – a área de projecto, o estudo acompanhado, o par pedagógico em EVT, a criação de escolas com “dimensão humana”. Ignoram-se sobre estas e outras matérias os pareceres do Conselho Nacional de Educação e dos directores das escolas. Não se vislumbra qualquer ideia pedagógica sustentada no reino da 5 de Outubro, onde se faz de conta que funciona um ministério da Educação.

Por tudo isto, os professores e educadores vão voltar à rua, às manifestações e provavelmente às greves. Vão voltar a encher o Campo Pequeno! Para os mais velhos, encher o Campo Pequeno tem uma simbologia muito marcada, uma simbologia de vitória: foi um momento marcante no combate a uma das distorções incluídas no ECD – a prova de candidatura. Façamos com que esta simbologia de vitória se mantenha, para os mais velhos e para os mais novos. Que 12 de Março deixe claro à sociedade portuguesa que ainda há quem se preocupe com a escola, com a educação e com a profissão docente: os professores e os educadores!