Artigo:Em jeito de convite: e agora, professores?

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Em jeito de convite: e agora, professores?

Caber-nos-á aquele confortável lugar dos reformados mentais, de nos postarmos em frente aos écrans com as pipocas entrepernas, a assistir descomprometidamente ao final do match esquerda-direita nas próximas eleições para o Governo da República, após prazeroso passeio de domingo até à urna de voto?

Até pode ser. Até porque, tendo em conta a média de 50 anos de idade, muitos na nossa profissão já sentem alguma dificuldade em se separar do chinelo e ir para uma escola a abarrotar de pesadelos kafkianos, a tentar manter a ilusão de antanho que nos levou a escolher a profissão que, hoje, recebe a maior das confianças dos portugueses entre todas as do setor público. É de suspeitar que os professores tenham tido, ao longo destes 48 anos de democracia, alguma coisa a ver com isso, sem o devido e justo reconhecimento profissional nas suas carreiras, remunerações e condições de trabalho.

Mas voltando ao assunto. Há uma diferença entre um vale escarpado e um abismo sem fundo à vista. O primeiro é o "Governo-geringonça" que cessa, o segundo o regresso a 2011.

Na minha opinião, o tempo que se aproxima, que começa agora, é o de luta, o de evitar a todo o custo que as novas e velhas direitas se apossem do poder central, o que, combinado com a maior implantação do PSD ao nível autárquico, redundará no reforço da oferta privada de ensino, com os inevitáveis efeitos na Escola Pública. Agora, em relação a 2011, com a possibilidade de ser um processo muito mais rápido, dado o posicionamento de diversos players em relação a este apetitoso setor (EDULOG - Fundação Belmiro de Azevedo - Home, Ser Pro | Iniciativa Educação (iniciativaeducacao.org).

Não temos dúvida que o processo de requalificação será ressuscitado como o grande dreno por onde sairão milhares de funcionários públicos, uns quantos para o setor privado, outros para a reforma ou para outras modalidades de “ofertas que não se podem recusar”.

Bem, os dados estão lançados. Há que entrar no jogo.

João Correia