Eleições e ensino superior e ciência
Esta semana várias notícias deram conta da satisfação dos patrões e das agências de rating com a maioria absoluta do PS, na perspectiva de que esta maioria liberta o governo da pressão dos partidos à sua esquerda. Ou seja, da pressão em prol de políticas mais favoráveis aos trabalhadores e às populações.
No sector do ensino superior e da ciência, depois de alguns, poucos, passos positivos desde 2016, tivemos nos últimos dois anos um Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior que praticamente nada fez, com o ministro Manuel Heitor a andar de um lado para o outro, e para trás, como o caranguejo, mas raramente em frente, no que toca às condições laborais dos docentes e investigadores e à valorização e investimento no ensino superior e na ciência públicos.
Agora as perspectivas não são de progresso, pelo contrário. São de agravamento da forma como o ensino superior e a ciência e os seus profissionais têm sido tratados pelos governos do primeiro ministro António Costa. São de estagnação e retrocesso face à precariedade, desvalorização das carreiras, desinvestimento no sector e abandono da investigação científica nas áreas não aplicadas e das ciências sociais. São do acelerar da mercantilização, precarização e falta de democracia neste sector, agravando as tendências que já se verificavam, de acordo com directivas europeias e da OCDE.
Mas o que é certo é que os docentes e investigadores vão continuar na luta pela valorização das carreiras, o combate à precariedade e a democratização das instituições. Pelo investimento e valorização do ensino superior e da ciência, ao serviço do desenvolvimento social, económico e cultural do país.
Margarida Ferreira