Artigo:Educar para a Paz

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Educar para a Paz

Intervenção da FENPROF no III Encontro pela Paz organizado pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação em conjunto com diversas organizações sociais, no dia 28 de outubro de 2023, em Vila Nova de Gaia 

José Feliciano Costa
| Presidente do SPGL |

A Educação para a paz é todo o processo de promoção de conhecimentos, competências, atitudes e valores necessários para criar mudanças nos comportamentos, que permitam às crianças, aos jovens e às pessoas adultas prevenir conflitos e violência, tanto explícitos como estruturais, resolver os conflitos de forma pacífica e criar as condições propícias à paz, seja a nível interpessoal, intergrupal, nacional ou internacional.

Por isso, a Escola tem que argumentar em favor de uma educação para a paz, para a compreensão da interdependência e do respeito entre os povos e as nações, de forma a que seja possível a convivência tranquila e harmônica entre todos. 

A Escola, tem que educar todos os seus alunos para a convivência internacional, para a liberdade e, por sua vez, desenvolver o espírito crítico e a habilidade do contínuo questionamento.

Essa é a missão da Escola, da Escola Pública que queremos, da Escola de Abril, da Escola que tem de criar condições para que os valores sejam aprendidos, através de vivências de cidadania. 

Da Escola que tem de ser democrática nas suas práticas, nas suas vivências. 

Educa-se para a paz, como se educa para os valores. Aqui, por mais belos que sejam os discursos, estes não constituem a estratégia mais eficaz para inculcar os valores nas crianças, sobretudo se as ações de quem os profere não forem congruentes com as palavras. O mote do “faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço” tem pouca ou nenhuma eficácia educativa.

A educação para os valores, faz-se, antes de tudo o mais, através do exemplo, ou seja, mediante comportamentos consistentes e congruentes com os valores defendidos. 

Não existem circunstâncias, nada justifica, em momento algum, a opção pela guerra, que provoca sempre, mas sempre, milhares de vítimas inocentes. 

A FENPROF reafirma, agora, o que sempre disse quando o mundo se confronta com este ou com qualquer outro conflito, seja na Palestina, no Sahara Ocidental, no Iémen, na Síria, no Iraque, no Afeganistão, na Ucrânia ou em qualquer outro local. 

O caminho para a resolução de problemas só pode ser o da Paz. É urgente pôr fim a esta escalada bélica em curso.

Portugal tem que, obrigatoriamente, dar o seu contributo para que assim seja, de acordo com a sua Constituição, e no respeito pela Carta da ONU. 

Em todo o mundo, são vários os povos, e os países, que sofrem agressões quotidianas, ou porque o seu território se encontra ocupado, ou porque são vítimas de bloqueios económicos, ou porque são usurpados da sua soberania.

Estas formas de violência política e económica, acompanhada sempre da força bruta das armas, são injustas para os povos que as sofrem, que não têm nunca capacidade para lhes resistir e assim poderem, eventualmente, alterar o rumo dos acontecimentos.

O mundo tal como se apresenta hoje, com a instituição de modelos neoliberais capitalistas, o que tem feito é aumentar cada vez mais o fosso entre ricos e pobres, sejam eles países, povos ou sociedades.

Este fosso, cada vez maior, gera tensões, que mais não visam do que impor uma nova ordem, onde potências imperialistas e potentados económicos se arrogam no direito de decidir sobre os destinos do mundo, sejam eles de natureza política, económica, social ou cultural.

A tudo isto a FENPROF, manifesta profundo repúdio, por todas as formas de opressão e de repressão, designadamente as dirigidas contra os povos, contra os trabalhadores.

Denunciamos o uso, hipócrita, da defesa dos direitos humanos, como pretexto para justificar intervenções e ocupações militares por potências imperialistas.

Manifestamos todo o nosso apoio ao martirizado povo palestiniano, mas também ao povo saharaui e a todos os povos que sofrem com a guerra e com  a  opressão.

Pugnamos pela liberdade, por um mundo melhor, mais justo, mais solidário e pacífico, um mundo que coloque o enorme potencial científico e tecnológico, que hoje o Homem possui, em benefício de toda a humanidade.

Como disse José Saramago, “A única revolução realmente digna de tal nome seria a revolução da paz, aquela que transformaria o homem treinado para a guerra em homem educado para a paz porque pela paz haveria sido educado. Essa, sim, seria a grande revolução mental e, portanto, cultural, da Humanidade. Esse seria, finalmente, o tão falado homem novo.”

Viva o Encontro pela Paz. Viva a Resistência por um mundo melhor.

Texto original publicado no Escola/Informação Digital n.º 41 | Outubro 2023