Artigo:Educação para a Paz

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Educação para a Paz

Ana Cristina Martins | Dirigente SPGL

É a Educação para a paz que permitirá “reforçar entre todos os seres humanos o espírito de tolerância, de diálogo, de cooperação, de solidariedade”.

Num momento em que se multiplicam razões para refletirmos sobre a Paz, bem como ações em sua defesa, importa que professores e educadores assumam o seu papel determinante na promoção deste desígnio.

O que tem a educação a ver com a Paz? Num sentido amplo, podemos definir Educação como a transferência de hábitos, costumes e valores de uma sociedade, de uma geração a outra. A Educação é um processo formativo e educar é conduzir esse processo, formal ou informalmente.

Quanto ao conceito de Paz, talvez ele seja de mais difícil definição, porém, concordaremos que se pode traduzir numa ideia de ausência de conflito, de violência, na existência de tranquilidade, harmonia, justiça… O desafio de educar para a Paz, é precisamente o de permitir entender que não só a ausência de guerras ou a não-violência são pressupostos de existência de Paz.

A constituição da Unesco diz-nos que “como as guerras começam nas mentes dos homens, é nas mentes dos homens que se devem construir as defesas da paz”. Como levar a bom porto esta premissa, num mundo em que a cultura da violência nos chega em catadupa e por todos os meios, em imagens reais, à distância de um clique num dispositivo eletrónico?

Uma Educação que promova valores humanos e sociais, que priorize o diálogo, a construção da justiça, a valorização da ética, a participação, a aquisição de competências que permitam o desenvolvimento de estratégias de não-violência na resolução de conflitos, é uma Educação para a paz, mas talvez não seja o suficiente.

A paz é um Direito Humano, conforme afirma a Declaração do Direito à Paz, aprovada em 2016 pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Enquanto Direito Humano, “requer um processo participativo positivo e dinâmico, em que o diálogo é encorajado e os conflitos são resolvidos num espírito de compreensão recíproca e de cooperação”.

É a Educação para a paz que permitirá “reforçar entre todos os seres humanos o espírito de tolerância, de diálogo, de cooperação, de solidariedade”.

À Escola caberá, em primeiro lugar, educar sobre a Paz, refletindo e analisando, contextualizando, quais as condições para a existência de uma Paz sustentável e desejável, bem como identificar criticamente o significado de violência, em todas as suas formas e manifestações.

Só depois desta tarefa prévia, a estratégia de educar para a Paz, desenvolverá disposições, competências e atitudes que originem o envolvimento em ações que conduzam a uma realidade progressivamente mais justa, equilibrada e pacífica. Este desafio é da Escola, mas também de toda a sociedade. 

Que o consigamos vencer com sucesso, a bem do futuro! 

Texto originalmente publicado no Escola/Informação n.º 309 | setembro/outubro 2024