É preciso valorizar os serviços públicos!
A luta da Administração Pública, que hoje tem mais visibilidade com a greve que está a decorrer - e que se saúda! – insere-se numa luta contra a desvalorização dos trabalhadores da Administração Pública e por melhores serviços públicos.
É preciso (é, mesmo preciso!) aumentar o salário mínimo nacional, mas isso não basta. É preciso também criar condições para garantir a permanência na Administração Pública de pessoal qualificado, fundamental para o desenvolvimento do país. E isso está longe, muito longe de estar a ser feito.
Como muito bem aqui demonstra Eugénio Rosa, “A distorção de salários em Portugal é causa da fuga dos trabalhadores mais qualificados para o estrangeiro, está a destruir a administração pública e é um obstáculo ao crescimento e ao desenvolvimento do país”.
“Portugal está a transformar-se num país em que cada vez mais trabalhadores recebem apenas o salário mínimo nacional, o que está a obrigar os portugueses com maiores qualificações a emigrarem para o estrangeiro à procura de remunerações e condições de trabalho mais dignas, o que está ter consequências dramáticas no crescimento económico e no desenvolvimento do país.”
No “site” do IEFP encontram-se 156 ofertas de emprego para engenheiros civis, eletrotécnicos, mecânicos, agrónomos, etc., cujos salários oferecidos, na sua esmagadora maioria, variam entre 760€ e 1000€. E isto são remunerações brutas, antes de descontar para o IRS e para a Segurança Social. Como é que o país assim pode reter quadros qualificados?
“A situação na Administração Pública com remunerações praticamente congeladas desde 2009 é dramática, sendo quase impossível a contratação de trabalhadores altamente qualificados e com as competências que necessita.”
“O que está a suceder no SNS devia abrir os olhos aos políticos para esta realidade: os profissionais mais qualificados – médicos e enfermeiros – estão a trocar o SNS pelos grandes grupos privados de saúde, que os atraem oferecendo melhores remunerações e condições de trabalho.”
Como costuma dizer um amigo meu, “assim não vamos lá”.
M. Micaelo