Dois pesos, duas medidas ou o cinismo como ética política

A mais importante notícia do Público de 13 de janeiro está na página 7. Tem apenas o título: “Israel prossegue com demolições na Cisjordânia” e uma fotografia com a legenda: “Palestiniana desespera enquanto as forças israelitas se preparam para demolir a sua casa em Yatta, na Cisjordânia” A fotografia mostra uma casa já meio demolida.

A União Europeia, os EUA vociferam, às vezes com razão, outras sem ela, contra violação dos direitos humanos em países que, por qualquer motivo, lhes “desagradam”: Venezuela, Nicarágua, Cuba, Bielorrússia… inventam pretextos para atacatar Iraque, Síria, …- Mas face aos crimes dos países amigos (Israel, Arábia Saudita, Qatar…) limitam-se a um cínico e miserável lamento, acompanhado muitas vezes de um sorriso cúmplice.

A construção de colonatos israelitas em território palestiniano é condenada pelas Nações Unidas, que aprovaram já várias resoluções contra a ocupação israelita. A UE e os USA encolhem os ombros e “armam”, militar e diplomaticamente, Israel para continuar a agressão.

O esquartejamento de um jornalista a mando da Arábia Saudita não lhes mereceu mais do que um formal e diplomático protesto, logo esquecido.

Da escravatura a que Qatar e Emiratos Árabes Unidos sujeitam os imigrantes, que fazem a sua riqueza, não se fala.

Será possível um outro mundo?

António Avelãs