Diálogo e celebração em torno de um poeta e de um projeto
Foi em ambiente de festa, diálogo e, naturalmente, vivência cultural, que o Departamento de Aposentados do SPGL assinalou, dia 17 de maio, uma dupla efeméride: os 100 anos do nascimento de Eugénio de Andrade e os 10 anos de vida do projeto “O meu livro quer outro livro”.
Após um breve balanço, pelo coordenador do Departamento, Bráulio Martins, da atividade sindical dos aposentados, suas reivindicações e apoio solidário aos professores no ativo e outras lutas, foi o momento de uma circunstanciada apresentação, por Everilde Pires, da vida e obra do poeta. Apresentação pontuada pela leitura, expressiva, por diferentes professores, de alguns poemas de Eugénio de Andrade.
Algumas notas sobre o poeta
“Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, foi um dos maiores poetas contemporâneos. Tem obras publicadas em várias línguas. Nasceu a 12 de janeiro de 1923, no Fundão. Foi poeta, escritor, tradutor… Em setembro de 2003 a sua última obra Os sulcos da sede foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube Português. Morreu a 13 de junho de 2005”. Esta a sucinta informação projetada durante o evento.
Do muito que foi dito e refletido sobre o poeta, entre a apresentação da sua obra e os poemas lidos, de referir o destaque dado a alguns elementos que marcam/influenciam a sua poesia: os lugares onde mais tempo permaneceu, a sua formação enquanto cidadão (pela palavra), a língua como herança; temas que lhe são caros, como os velhos, ou as plantas, as rosas como símbolo da perfeição, a brevidade da vida (deixar a plenitude), a homenagem a outras vidas literárias mas também a pessoas anónimas, e à mãe. E, sempre, a importância da palavra – a casa, a nossa pátria, palavra empenhada que obriga a intervir.
Uma poesia que, nas palavras de António José Saraiva, também citadas na apresentação da vida e obra do poeta, é “uma lição de rigor, de exatidão, em permanente estado de renovação. Caraterizada pelo recurso a uma linguagem clara e luminosa, exatamente proporcional à profundidade da mesma”.
“O meu livro quer outro livro”
O “pontapé de saída” para o debate em torno deste projeto foi a projeção de um vídeo que, em imagens, sintetiza o percurso entretanto percorrido. E que, significativamente, termina com a “trova do vento que passa”.
Com um percurso não linear – como é caraterístico de qualquer coisa viva – “O meu livro quer outro livro” (“uma das atividades mais bonitas do sindicato” de que “foi proibido de desistirmos”), alimentou um diálogo diversificado – moderado por Margarida Lopes - e mesmo o lançar de algumas pistas.
Nestes 10 anos, o projeto passou por fases diversas. No início centrado na troca de livros e de comentários sobre as leituras. Depois, dando voz a convidados, a escritores, proporcionando também outros debates enriquecedores.
Uma experiência que terá dado mesmo outros frutos, levando à criação, por professores, de diversos clubes de leitura.
Hoje está em causa, antes do mais, “manter aceso este interesse pelo livro e pela leitura”. Mas também, eventualmente, contribuir para dar vida ao espólio concentrado no arquivo e centro de documentação do SPGL, sem esquecer a história do próprio sindicato, a necessidade de recuperar testemunhos diversos que a documentem.
Uma recomendação final (também à próxima direção do sindicato): ter sempre presente a urgência cultural e social.