Artigo:Dia da Literacia Mediática

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Dia da Literacia Mediática

Hoje é o Dia da Literacia Mediática. A propósito desta data, o “Público” de hoje dedica o editorial e um espaço do jornal a reflectir sobre este tema. A jornalista Daniela Carmo começa por referir que num total de 41 países europeus, Portugal ocupa o 14º lugar no índice de literacia mediática 2022, de acordo com um relatório da European Policies Initiative (EuPI) e do Open Society Institute – Foundation Sofia (OSI – Sofia).

A partir desta posição, considerada boa no contexto europeu, a jornalista ouviu especialistas nesta área. A professora da Universidade Lusófona do Porto Maria José Brites considera que “Hoje em dia é tão importante saber ler e escrever como conseguirmos fazer as leituras correctas daquilo que encontramos nos media… hoje temos um conjunto de multiplataformas de redes, de propostas em termos mediáticos tão vasta que a dificuldade é muito maior”. Sabemos que, hoje em dia, muitas pessoas e, sobretudo os jovens, utilizam as redes sociais como a fonte das notícias e o problema está em saberem distinguir o que é verdadeiro do que é falso, terem a capacidade crítica para questionar aquilo que lêem em primeira mão e que assumem como fidedigno.

Daí o interesse em levar os jornais, as notícias dos jornais às escolas, como objecto de análise e como ponto de partida para a elaboração de jornais escolares, a partir da realidade e dos interesses dos jovens. Como refere o professor catedrático em Ciências da Comunicação na Universidade do Minho, Manuel Pinto: “Julgo que pode ser redutor perder de vista que os quotidianos dos jovens e das crianças têm outras dimensões, que não as dos adultos, muito relevantes para o despertar para a literacia mediática que, por ventura, estão a ficar esquecidas. Do ponto de vista de motivação para a questão da desinformação, pode ser importante começar por aquilo que os preocupa, que ocupa os seus quotidianos, para poder chegar àquilo que muitas vezes não está no topo da agenda deles, está na dos adultos, mas que é importante de qualquer maneira que esteja na agenda deles”.

Todos temos claro o papel da informação para a democracia. A proliferação de redes e de órgãos de comunicação, que poderiam ser um meio de chegar a públicos mais vastos e diversificados, numa perspectiva pluralista e democrática, se por um lado conseguiu atingir os seus objectivos, por outro, teve o seu lado perverso de trazer o sensacionalismo, a espuma dos dias e as chamadas “fake news”, alimento preferencial dos populismos e dos inimigos da democracia. Considero primordial o papel da Escola na formação de cidadãos informados, livres e críticos e o acesso às notícias, à sua leitura e análise não deve ser subestimado, antes pelo contrário. A Literacia não fica completa, se ela não for também mediática, daí a justeza do título da notícia a que hoje me refiro “Perceber notícias é “tão importante como saber ler e escrever”.  

Finalizo com mais uma nota. Todos sabemos que a informação não é neutra e que, desde sempre, ser detentor de um meio de comunicação social significa ter poder. Hoje sabemos o enorme apetite por encimar os rankings das audiências e que isso é uma guerra de vida ou de morte. Nesta guerra de audiências, há muito que a informação independente, o que quer que isso seja, foi varrida e praticamente deixou de existir, subsistindo apenas com as boas vontades e a solidariedade de quem ainda acredita na sua importância.

Não nos deixemos enganar!

Almerinda Bento