Artigo:Desemprego dos professores justifica ação de protesto

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O Ministério da Educação planeou metodicamente o aumento brutal do desemprego de professores contratados a partir de agosto. Relativamente ao ano passado, nos finais de   agosto, as escolas tinham menos 4181 docentes contratados colocados. E relativamente a 2010, menos 7921! E tudo indicia que a situação se agrave, comparativamente com o ano anterior, com a redução dos docentes colocados através da bolsa de recrutamento e ofertas de escolas.

Estas medidas prejudicam o funcionamento das escolas e, como todo o desemprego, criam problemas sociais e humanos que não podemos ignorar.

Como cidadãos e como docentes não podemos ficar calados. Por isto estivemos concentrados frente à Escola Secundária José Gomes Ferreira, em Lisboa, dia 14 de setembro, último dia da semana do início das aulas. 

 

A luta continua. Participemos, desde já, nas ações de protesto dos próximos dias

“Professores em luta”, era a palavra de ordem inscrita nas bandeiras que se agitavam na iniciativa que teve lugar frente à escola secundária José Gomes Ferreira, com que o SPGL marcou um primeiro momento de protesto, num ano escolar que se inicia sob o signo do desemprego e da degradação das condições de ensino nas escolas. “Esta não é a abertura do ano letivo que os professores, os pais e os alunos gostariam de ter”, sublinhou António Avelãs, lembrando que “não há professores a mais, o que há é escola a menos”.

Uma luta que – como vários oradores destacaram – se inscreve na luta mais geral contra as políticas do governo+troika. E que justifica o repetido apelo a participar em todas as ações de protesto programadas: já neste sábado, tal como a 29 de Setembro e a 5 de Outubro. Porque “a mudança faz-se com a participação de todos e todos neste momento somos poucos”.

O protesto, que juntou várias dezenas de professores, deu voz – com microfone aberto – a quem quis falar de questões mais gerais ou específicas. Todas elas importantes.

Antes do mais as questões globais: o aumento do número de alunos por turma, uma enorme diminuição de professores colocados, alterações curriculares que “diminuíram aquilo que os futuros cidadãos portugueses vão aprender ao longo da sua escolaridade obrigatória”.

Mas também diversas questões específicas.

Como as situações de desemprego, que não se devem apenas à redução do número de turmas mas a claras violações das regras nas contratações de escola, ignorando-se nomeadamente a graduação profissional.

Ou a oportuna desmontagem das justificações dadas pelo ministro Nuno Crato para o despedimento de tantos professores, que teria como causa a redução do número de alunos (falava-se de 200 mil alunos nos últimos 3 anos). Uma mentira agora assinalada pela própria OCDE, que afirma que o número de alunos tem tendência para crescer e que, nos últimos 5 anos, o número de alunos na escola pública tem vindo a crescer.  

Foi ainda denunciado o fato de muitos agrupamentos estarem a iniciar o ano letivo sem condições para o fazer, apesar de terem pedido autorização para o adiarem, porque existem muitos lugares de professores por preencher. A resposta aos seus pedidos foi o silêncio. “Os pais precisam de saber que os filhos vão para a escola e que não vão ter a grande maioria das aulas”. Entretanto, foram agora colocados apenas 50% dos professores que tinham sido colocados na mesma altura, o ano passado. São estes professores “que fazem falta à escola”.

A iniciativa do SPGL terminou com uma intervenção do seu presidente, António Avelãs, que brevemente colocaremos no nosso site.

(Fotos - Paulo Machado)