“Desconstruir o colonialismo, descolonizar o imaginário"
Departamento de Professores e Educadores Aposentados
Museu de Etnologia, Lisboa 15 /10/2025
O Departamento de Professores e Educadores Aposentados organizou a visita à exposição com o título em epígrafe e agradece a presença da professora Isabel Castro Henriques, a quem se deve esta iniciativa. Em conjunto com uma equipa de enorme qualidade, levaram a cabo este evento inserido no âmbito das comemorações do 25 de Abril de 1974.
O objetivo de reunir testemunhos sobre o colonialismo português e desconstruir mitos que sobre ele recaem, colocando no epicentro da exposição o povo africano, protagonista destes acontecimentos, foi plenamente conseguido.
Se ganham relevância e são fundamentais os documentos escritos, gravuras e mapas que estão expostos em sete painéis organizados por ordem cronológica e temática, inegável relevo adquirem os objetos provenientes do continente africano, enquanto testemunho de uma cultura diversificada, como se pode constatar pelo uso da cor, dos materiais utilizados na sua confeção e pelos ritos e crenças que traduzem. Refletem, ainda, como é natural, elementos assimilados da cultura portuguesa, mantendo sempre o cunho africano, que vinca de forma indelével a manutenção da sua identidade cultural.
"Estamos em África há quinhentos anos" é o título do primeiro painel que traduz a ideia generalizada em Portugal, dos nossos direitos históricos sobre África por a termos descoberto no séc. XV e com ela termos mantido relações, que, com efeito se realizaram, mas apenas no litoral africano e de cariz comercial. Os restantes painéis exibem a ocupação do território e o seu conhecimento, no séc. XIX, a organização política de índole colonial, a exploração da terra e a mão de obra escrava, as leis laborais, penas e castigos, os mitos em torno de um bom colonialismo, as obras resultantes de um colonialismo tardio, as diversas formas de resistência e protesto, desde a lentidão no trabalho, escrita - poesia e ficção - até à luta armada que está na origem de uma guerra que consumiu vidas, até ao dia 25 de Abril. Estão patentes os documentos sobre a descolonização, os movimentos de libertação africana, os seus mentores e, finalmente o legado do colonialismo. É uma riquíssima lição da História de África e de Portugal, uma vez que se entrelaçam em momentos diferentes e nem sempre de forma pacífica, mas que se completam neste mosaico tão talentosamente exposto.
A exposição está já em itinerância e pode ser solicitada para o mail que se divulgará oportunamente.
Texto original publicado no Escola/Informação Digital n.º 47 | novembro/dezembro 2025