Artigo:Democracia!

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Democracia!

Dito desta forma, a mais simples de todas, o conceito inerente à palavra atira-nos para horizontes auspiciosos do ponto de vista básico/estrutural  de organização das sociedades.

Todos sabemos no entanto que, infelizmente, o conceito torna-se algo volátil quando se opõe a alguns interesses instalados ou a instalar, resultando daí a quebra, muitas vezes sub-reptícia, de algumas premissas indispensáveis ao seu pleno funcionamento.

Em Portugal, até 1974 não tínhamos experiência de democracia mais a sério, mas começamos bem e até evoluímos bastante, consolidando alguns aspetos cruciais deste sistema.

Ultimamente não temos cuidado bem da nossa jovem e tenra democracia e o resultado da classificação de Portugal no índice respetivo da revista The Economist não deixa margem para dúvidas. Deixamos de pertencer aos países Totalmente Democráticos.

Para a revista, já não vivemos em Democracia Plena.

Segundo o estudo, muito se deve à pandemia e aos limites às liberdades daí resultantes, claro, mas o funcionamento do Governo, e aqui é que está o problema, foi um dos aspetos que mais se deteriorou, descendo de 7.86 para 7.5.

A normalização e banalização de práticas pouco escrutinadas e tendenciosas, como a nomeação para cargos públicos nacionais e internacionais relevantes, a par do funcionamento intermitente e calamitoso da Justiça, bem como o surgimento de tendências racistas e nacionalistas em alguns sectores da segurança pública e em movimentos político-partidários, não auguram nada de bom.

Num país onde umas dezenas de "notáveis" se declaram publicamente contra a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, mais tarde ou mais cedo, se os outros não notáveis nada fizerem, passaremos de novo a viver em Democracia Nenhuma.

Ricardo Furtado