Artigo:De Costa a Costa

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De Costa a Costa

Definitivamente Costa parece ter passado de solução a problema no que à governação de Portugal diz respeito.

Na noite da vitória eleitoral do PS, Costa afirmou que os portugueses tinham manifestado em voto que gostaram e queriam que a solução encontrada nos últimos quatro anos se mantivesse. Paradoxalmente, nas negociações que se seguiram, Costa quis apoucar e isolar os partidos que garantiram essa tão estimável e duradoura estabilidade governativa.

O PCP e o PEV não suportando mais as derivas de centro-direita do governo de Costa, nomeadamente no que diz respeito à legislação laboral mas também na manutenção do sub-investimento publico em sectores chave como a saúde e a educação, passando pelas PPP e pela continuada opção em contratar trabalhadores atravez de empresas de sub-contratação e trabalho temporário, entre outras, e indisponibilizaram-se de imediato.

O Bloco, alicerçado nos seus quase 10% de eleitorado e numa, cada vez mais assumida, postura social-democrata de arco governativo, acreditou poder renovar o acordo de cooperação com o PS que garantisse mais quatro anos de estabilidade e bonança legislativa.

A tudo isto Costa resistiu. Tem claramente uma agenda própria que, ao que tudo indica, não passa pela estabilidade governativa sem maioria absoluta. A manutenção do elenco ministerial proposta é uma clara indicação de que Costa não aposta na duração deste perene governo.

Uma coisa é clara, não aceitar governar em Geringonça é desrespeitar o sentido de voto da esmagadora maioria dos portugueses, segundo o próprio Costa em noite de vitoria eleitoral.

Mas Costa é demasiado ambicioso e parece já ser escancaradamente evidente que quer provocar, veladamente, a instabilidade politica necessária para tentar a maioria absoluta que lhe permitirá governar sem constrangimentos.

Para quê?

Que quer Costa fazer a portugal e aos portugueses, em maioria, que os partidos de esquerda empecilhem?

Que politicas, ao arrepio das intenções à esquerda da maioria dos eleitores, que não lhe quiseram dar maioria absoluta, quer Costa impor na sua ambicionada governação absoluta?

Não nos podemos esquecer que o Costa que "devolveu" rendimentos, criou postos de trabalho e reduziu o deficit é o mesmo Costa das ameaças ao direito à greve, com requisições civis e serviços mínimos, é o mesmo Costa que assiste impávido e inoperante à degradação do SNS em favor do mercado da saúde, que não aceita a argumentação "verde" que contraria a construção do aeroporto no Montijo, que mantém as "rendas" na energia, que não respeita recomendações plenárias por unanimidade na assembleia da republica, enfim, que é o mesmo Costa a quem se pode perguntar; que Costa é hoje?

Ricardo Furtado