Uma aposta séria na educação e formação ao longo da vida
Crise provocada pela Covid-19 no mercado de trabalho, com um maior impacto nos mais frágeis, nos trabalhadores jovens, sem qualificações e precários, vem uma vez mais comprovar a urgência de uma aposta séria na educação de todos.
O Público anuncia hoje que os efeitos da crise provocada pela Covid-19 no mercado de trabalho são assimétricos e penalizam os mais frágeis, os trabalhadores jovens, sem qualificações e precários.
A taxa de desemprego anual subiu 0,3 pontos percentuais (para 6,8%) e a população empregada reduziu-se em cem mil pessoas face a 2019. Se aos desempregados acrescentarmos os inativos (disponíveis para trabalhar e que não procuraram emprego) tem-se uma ideia mais precisa do problema. Com efeito, entre o primeiro e o segundo trimestre de 2020, os inativos aumentaram 87,6% totalizando 312 mil pessoas e, no final do ano passado, o número de inativos continuava 32,2% acima do registado em 2019.”
O impacto fez-se sentir, sobretudo, não só no aumento dos inativos, como também no congelamento do emprego, com a redução das horas trabalhadas por trabalhadores que mantinham o vínculo e não laboravam.
Os sectores mais afetados estão ligados ao turismo, restauração, pequeno comércio e serviços, atingindo com maior intensidade os trabalhadores com menos habilitações, salários mais baixos e vínculos laborais mais precários.
“A diminuição homóloga da população empregada no quarto trimestre de 2020 em comparação com o ano anterior ocorreu sobretudo nos trabalhadores sem nenhum nível de ensino (-19,8%) ou que não foram além do básico (-8,6%), enquanto nos trabalhadores com o ensino superior se registou um aumento de 12,3%.”
“O emprego nos “trabalhadores não qualificados”, que têm salários líquidos médios mais baixos (569 euros), recuou 17%. Já “especialistas das actividades intelectuais e científicas”, que têm salários mais elevados, e os “técnicos e profissões de nível intermédio” viram o emprego crescer 18,8% e 5,6% entre 2019 e 2020, mesmo quando o país esteve confinado.”
O impacto da pandemia tem sido amortecido pelas medidas de apoio à economia criadas pelo Governo, em particular o layoff simplificado, que, no entanto, não se tem feito sentir em sectores como o da cultura e outras atividades ligadas aos serviços.
Outro problema gravíssimo tem a ver com o facto de as medidas de política pública estarem mais centradas em quem já está no mercado de trabalho do que para proteger novas contratações, o que prejudica os jovens que estão a terminar a sua licenciatura ou o ensino profissional.
Paula Rodrigues