Crise?

Se há um ano, neste mesmo dia 1 de abril, a comunicação social tivesse anunciado que um ano depois ainda estaríamos a viver em estado de emergência, com as escolas praticamente todas fechadas, todos pensaríamos tratar-se de uma mentira própria desse dia.  

Infelizmente, um  ano depois, enquanto em Portugal se experiencia um plano faseado de "desconfinamento"  e em França se enuncia mais um encerramento geral das escolas por 3 semanas e na Alemanha os médicos alertam para um provável novo boom de internamentos por covid-19, o Governo português, na pessoa do seu mais alto representante e muito ao seu estilo, entende não ser possível, apesar de acomodável no Orçamento como admitiu o ministro das Finanças, apoiar os cidadãos que mais têm sentido os efeitos de tantos e sucessivos confinamentos. 

Só pode ser mentira!

Parece ser regra para este primeiro-ministro, sem apoio maioritário no Parlamento, não aceitar as regras próprias de uma democracia parlamentar.

Há dois anos ameaçava demitir-se se o Parlamento aprovasse o que tinham prometido aos Professores, agora tem dúvidas constitucionais acerca dos apoios sociais aprovados pela maioria dos parlamentares.

Opõe-se à promulgação presidencial dos apoios, deixando no ar uma possível crise, não entendendo que a verdadeira crise está a ser vivida diariamente por todos aqueles a que pretende negar assistência.

Num outro campo, que no fundo é o mesmo, vamos aguardar qual a sua posição para acomodar as propostas já apresentadas por BE e PCP, outras se anunciam, com vista à regulamentação do Teletrabalho.

De facto, mais de um ano depois, não se justifica que nada tenha sido clarificado no que respeita às regras e custos desta "nova" relação entre trabalhadores e empresas. Até agora o ónus tem ficado sempre para o trabalhador. 

Ricardo Furtado