Crimes e criminosos impunes

Tal com há bancos e empresas "demasiado grandes para falir", parece haver também crimes demasiado grandes para serem punidos. Vários órgãos de comunicação (veja-se a título de exemplo, o Público de 7 de julho, pgs 24 -26) referiram que Tony Blair reconheceu não haver justificação séria para a guerra contra o Iraque para derrubar Saddam Hussein. Admitiu que as provas (que Paulo Portas considerou insofismáveis) não eram de modo nenhum concludentes. As alegadas armas de destruição maciça que o Iraque teria  não eram confirmadas pelas Nações Unidas. e há quem diga que se forjaram montagens para dar essa impressão. Bush, Blair, Durão Barroso e outros aliados desencadearam uma guerra ilegal, enganaram deliberadamente as populações, provocaram diretamente milhares de vítimas inocentes, deram alento ao surgimento de grupos terroristas como a Al-Qaeda e o Daech, lançaram o Iraque numa interminável guerra civil, tornaram o mundo muito menos seguro. Mas estes crimes são demasiado grandes para que estes criminosos prestem contas. Continuarão impávidos e serenos. E bem recompensados: obviamente que os que beneficiaram com esta guerra ilegítima não deixarão de os recompensar.

António Avelãs