Artigo:Contra a Intimidação, Marchar!

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Contra a Intimidação, Marchar!

João Costa fez mais uma ameaça velada, indireta, sabidona, lamentável, carregada de veneno propagandístico, ao afirmar que os alunos do ensino público estão a ser os grandes prejudicados das greves de professores, por comparação com os alunos do (disciplinadíssimo) ensino privado.

Repare-se no calibre da atoarda retórica e dos potentes efeitos colaterais duma afirmação que se pretende carregada de verdade “factual”, nomeadamente o de lançar a sugestão de que, se os professores não se portarem bem, ou seja, não pararem com as greves, o PS não hesitará em expor o flanco do sistema público de ensino aos seus inimigos, em nome, claro, dos superiores interesses dos alunos.

Curiosamente a afirmação do ministro coincide com uma publicação do INE a comparar as remunerações no setor público e privado, levando Ricardo Arroja a escrever hoje no Público que “(…), em média, os salários praticados na administração pública são superiores em 51,2% aos do sector privado.” Diga-se que o autor se esforça por mostrar que está consciente do impacto das variáveis que podem justificar este desnível, mas não deixa de concluir no seu artigo que: “Mas aqueles valores, juntamente com as estatísticas do INE, dizem-nos mais. Eles sugerem-nos uma medida de menor eficiência do gasto público associada à prestação de serviços públicos pelo Estado, face à alternativa de provisão privada de serviços públicos,(…).

Os professores do ensino público obviamente que pertencem a este grupo de “privilegiados”, que, como sabemos, têm vindo a ser “acusados” de ganharem significativamente mais do que a média dos licenciados em Portugal (cerca de 40%), sendo de questionar o que fica na perceção da opinião pública sobre estas parangonas após a sua correta análise e explicação: a verdade ou o equívoco?

Será João Costa o bom amigo que nos avisa atempadamente, convidando-nos à moderação e à aceitação do bom que já temos, evitando assim tudo perdermos? Ou apenas mais um ministro encurralado, de convicções políticas frouxas e muita sede de carreira política e poder?

Seja o que for, amanhã lá estaremos na MANIF, em greve, em luta, de pé!

João Correia