Artigo:Continua a faltar o essencial na resposta aos problemas dos estudantes do ensino superior

Pastas / SPGL / Setores / Ensino Superior e Investigação

Continua a faltar o essencial na resposta aos problemas dos estudantes do ensino superior

“Universidades e politécnicos vão ter 7 milhões de euros para combater abandono escolar” é o título de uma notícia sobre o lançamento pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) do Programa de Promoção de Sucesso e Redução de Abandono no Ensino Superior. Este programa será lançado hoje, durante o Seminário Sucesso Académico e Prevenção do Abandono no Ensino Superior, realizado na Universidade do Minho.

As Instituições Ensino Superior (IES) poderão candidatar projectos a uma linha de apoio de 7 milhões de euros, financiados a 85% por fundos comunitários do Programa Operacional Capital Humano. No seminário de hoje serão também apresentados “bons exemplos” de projectos de predição do insucesso e abandono e de mentoria e tutoria. O programa agora lançado financiará novos projectos das IES e reforçará projectos já existentes, “colocando o foco na qualidade do ensino e no acompanhamento dos alunos do primeiro ano”. Na nota do MCTES lê-se ainda que o “programa visa consolidar o efeito das medidas de apoio financeiro a ações inovadoras de ensino e aprendizagem nas IES já em curso no âmbito do projeto Skills 4 pós-COVID – Competências para o futuro no ensino superior”.

Duas preocupações:

É obviamente importante compreender, prevenir e responder às diversas causas do insucesso e do abandono, nomeadamente as relacionadas com questões pedagógicas. Mas, ainda mais grave nesta fase em que se agravam as condições de vida da maioria da população, continuam a menosprezar-se os principais problemas que estão na base do abandono, além da não entrada no ensino superior: segregação económico-social desde a nascença, custos financeiros da frequência, incluindo as propinas, acção social escolar insuficiente.

Reforçar o projeto Skills 4 pós-COVID, para lá do desenvolvimento da aplicação das tecnologias digitais nas IES, é também reforçar o aproveitamento feito da situação excepcional vivida no contexto da pandemia, para tentar generalizar o ensino a distância e continuar a desinvestir e a mercantilizar o ensino superior, escalando uma ofensiva que vem de trás.

 

Margarida Ferreira