Artigo:Conferência Mundial da UNESCO sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentável

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Conferência Mundial da UNESCO sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentável

Neste evento, decorrido entre 17 e 19 maio, discutiu-se o relatório da UNESCO sobre a evolução da educação para o desenvolvimento sustentável.

Evidencia-se neste documento que os sistemas educativos a nível mundial ainda não estão a dar aos estudantes conhecimentos suficientes para se adaptarem, agirem e responderem às alterações climáticas e às crises ambientais.

O relatório, intitulado “Learn for our planet: A global review of how environmental issues are integrated in education”, refere logo no seu início que “mais de metade das políticas de educação e dos currículos estudados não mencionam as alterações climáticas. Apenas 19 por cento fizeram referência à biodiversidade.”, assumindo que “(…)é preciso fazer mais para preparar os alunos com os conhecimentos, os valores e as atitudes para agir em prol do nosso planeta.”

Na página 19 do relatório, sobre a preparação dos professores para a educação para a sustentabilidade, conclui-se o seguinte: “Globalmente, as diferentes fontes de evidência sugerem que as questões ambientais estão fracamente integradas nos programas de educação de professores pré-serviço e em serviço. A maioria dos professores recebeu a preparação mínima ou nenhuma preparação nestas áreas de conteúdo. É certamente possível aos países melhorarem a extensão e a qualidade da preparação pré e em serviço no CASO ESD e na educação ambiental, especialmente no que se refere às alterações climáticas e à biodiversidade.”

A educação produz frutos a médio ou longo prazo, como se sabe, e quanto mais tempo se passar sem corrigir estas omissões na área da educação ambiental, mais inviável se tornará o horizonte que todos desejamos, o de uma humanidade mais apta a conservar e deixar algo para as gerações futuras.

No atual estado de coisas, uma boa parte dos eleitores e os políticos que os representam, vivem bem com a defesa do ambiente, desde que isso não os chateie muito e não ameace o “desenvolvimento”, sendo o desaparecimento de espécies ou a destruição de ecossistemas encarados ainda com a tal “insustentável leveza do ser” que urge combater, educando.

No imediato, há que contar com as medidas de curto prazo para tentar salvar aquilo que vai restando da herança de 4000 milhões de anos de evolução biológica, ameaçada pela velocidade e o alcance dos mecanismos do capitalismo no atual contexto político global, avesso a uma verdadeira cooperação internacional e mais propício ao recrudescimento e aprofundamento de velhas lógicas competitivas entre Estados e blocos de Estados. E, por consequência, nada favorável ao desenvolvimento dos traços culturais que potenciem as sociedades humanas como agentes da conservação e regeneração da Biosfera, ao invés da atual condição de vorazes extratoras e consumidoras de recursos finitos e esgotáveis.

João Correia