Artigo:Como será o Professor-SONAE?

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Como será o Professor-SONAE?

Pensamos que o seu perfil já deverá estar bem definido, a par do Homem-SONAE, mas uma coisa é certa: não será um professor contratado pelo Estado. E é neste contexto que temos de analisar o estudo encomendado e divulgado pela Edulog da Fundação Belmiro de Azevedo, que descobriu algo nunca imaginado: quanto melhores os professores, melhores os resultados dos alunos. Genial.

Uma empresa da dimensão da SONAE cria fundações para ocupar terreno, escoando dinheiro para causas socialmente valorizadas, conseguindo, assim, aproveitar as vantagens fiscais inerentes, comprando por essa via uma parte do prestígio vital para a credibilização das suas ações e propostas.

É assim com a Edulog, ramificação da Fundação Belmiro de Azevedo, que, como sabemos, criou e gerou uma das maiores empresas do país, cujo único propósito é torná-lo mais próspero e os portugueses mais ricos, por exemplo, fazendo falir grande parte do pequeno comércio e pagando salário mínimo aos seus “colaboradores”, não “trabalhadores”, porque na novilíngua do Mundo-SONAE não há lugar a pimbalhismos marxistas. Também lhe devemos muito com a eucaliptização do país, que, como se sabe, é das melhores coisas que poderíamos ter num país mediterrânico com verões secos e quentes, propício a incêndios.

Penso até que a Cláudia Azevedo, os Mello e os Amorim (ficava bem neste ramalhete os Espírito Santo) nem quererão saber dos números que passo a referir.

Portugal tem à volta de 1.200.000 alunos no Ensino Básico e Secundário (dados da Pordata de 2019). Se fizermos o número redondo de 20 alunos por turma, teremos 60.000 turmas. Se, como nos contratos de associação, uma empresa privada receber 85.000 euros por turma por ano, isso dá a módica quantia de 5.100.000.000 de euros.

Mesmo que os números não sejam exatamente estes, dá para ver a dimensão desta “área de negócio” e de como há muito a fazer para retirar dinheiro dos salários dos professores e boa parte dos seus (poucos) direitos socioprofissionais atuais, para os transferir para o bolso do Homem-SONAE, repimpado numa das suas mansões algures no mundo, incluindo na Boavista, enquanto o Professor-SONAE trabalha 12 horas por dia a 700 ou 800 euros em turmas de Alunos-SONAE capazes de levar Portugal para um amanhã que canta.

Claro que é preciso ir fazendo caminho, criando fundações encimadas por ilustres figuras públicas, cuja idoneidade lava mais branco o apetite voraz por rendas certas do Orçamento do Estado daqueles empreendedores que as controlam.

Imagine-se se tivéssemos um Governo de Direita agora, com a arma da bazuca para assumir o confronto necessário para fazer certas reformas difíceis, de braço dado com todos aqueles que vão tecendo a constelação neoultraliberal, nos media (Observador, João Miguel Tavares, TV), na rua (Chega), no Parlamento (IL), nos negócios, onde, algures, a nova estrela da manhã há-de orientar as massas oprimidas a livrar-se do Mal na Terra: o socialismo atual. Quiçá um renascido Passos Coelho.

João Correia