Colocações no Ensino Superior
Segundo notícia do jornal Público, mais de 14 mil estudantes não conseguiram aceder ao ensino superior nesta primeira fase. Ainda restam 6.393 vagas para a 2ª fase. Dos quase 64 mil candidatos foram colocados 49. 452. Havia um total de 55.307 vagas, mesmo depois de um reforço de 3000 vagas para 64.004 candidatos/as.
Apesar de ter aumentado o número de candidatos a percentagem de colocações foi menor. As explicações avançadas passam pela existência de notas mais baixas e pelas opções dos estudantes em relação à primeira opção.
Ainda segundo o artigo de Samuel Silva: “Há pelo menos uma década que a percentagem de candidatos que garante entrada nas universidades e politécnicos, neste período, não era tão baixa.
Se por um lado, o número de colocados foi dos mais elevados dos últimos anos, por outro lado, a taxa de sucesso das candidaturas é das mais baixas. Apenas 77% dos candidatos entraram no ensino superior. Sendo que a percentagem de colocados em anos anteriores rondava os 90%. “
Refere-se ainda, no artigo, que o número de candidatos que entra na primeira opção é também dos mais baixos dos últimos anos.
Os cursos com média mais alta continuam a ser da área das engenharias e medicina e os cursos com mais colocados/as: direito, enfermagem e medicina.
Verifica-se uma crescente valorização da frequência do ensino superior por parte das famílias, no entanto a esta valorização, procura e investimento das famílias não tem correspondido um investimento do estado. Falta uma reflexão sobre o acesso ao ensino superior e as condições de frequência. Muitas famílias têm dificuldades em suportar a frequência de um ou mais dos seus membros do ensino superior. Para além do preço elevado das propinas que seria necessário eliminar, os custos de alojamento, alimentação e material escolar dificilmente são suportados por famílias onde o empobrecimento e os baixos salários são a norma. Por outro lado, a pouca valorização de algumas profissões leva a que esses cursos não tenham procura levando a uma escassez de profissionais em algumas áreas.
O acesso ao ensino superior carece de uma reflexão urgente por parte das instituições e do estado e para que este não se transforme numa meta que leva a um ambiente de competição durante o ensino secundário nem num patamar inacessível para muitos/a ou um passaporte exclusivo para o sucesso financeiro.
O ensino superior deverá ser encarado como mais uma etapa da educação e como tal deverá ser de acesso universal, gratuito e um espaço de investimento e valorização do conhecimento da formação integral, interventiva e critica de cidadãos e cidadãs. A ninguém pode ser vedado o acesso ao conhecimento.
Albertina Pena