Artigo:Belmiro de Azevedo no negócio da Educação?

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Belmiro de Azevedo no negócio da Educação?

Sempre me fascinou a expressão autorreferenciadora do empresário Belmiro de Azevedo, a do Homem-Sonae, largamente explicada e enunciada numa listagem de características ideais na edição comemorativa dos 50 anos da SONAE, e que fazem o perfil ideal desse super-homem:

“HOMEM SONAE

  1. O Homem SONAE ou é líder ou candidato a líder.
  2. O homem SONAE é um homem culto, evoluindo do estágio de competência técnica para o estágio de homem culto em geral.
  3. O Homem SONAE deve ter disponibilidade temporal e resistência física para vencer períodos mais intensos de carga de responsabilidades.”

(…)

( Ver mais atributos divinos em http://www.ipapers.sonae.pt/Sonae/DCMRC/Livro50Anos/Livro50anos/?Page=24)

Segundo a imprensa, o agora quase guru encontra-se em fase de semi-retirada, dedicando as suas nobres e raras qualidades a outras causas e oportunidades de negócio, como sejam as ligadas à educação:

“Belmiro de Azevedo, que no início da semana anunciou a saída de todos os cargos de direcção do grupo Sonae, que passarão a ser ocupados pelo filho, Paulo Azevedo, vai criar, através da sua fundação, um think tank de educação.”

http://www.publico.pt/economia/noticia/belmiro-de-azevedo-prepara-criacao-de-thinktank-de-educacao-1688870

Na verdade, a sua fundação, a Fundação Belmiro de Azevedo, já detém e gere um colégio privado, o colégio Efanor, que a seguir se apresenta resumidamente a partir de um excerto do respetivo site:

“O Colégio Efanor é um estabelecimento de ensino privado, promovido pela Fundação Belmiro de Azevedo, cuja oferta formativa, numa primeira fase, incluiu a Educação Pré-escolar e o Primeiro Ciclo do Ensino Básico mas que, ao longo dos sucessivos anos letivos vai avançando para os níveis académicos seguintes numa perspetiva de garantir a sequencialidade dos seus alunos até ao 12º ano de escolaridade.”

http://www.colegioefanor.pt/pt/o-colegio/quem-somos/

O primeiro dos colégios SONAE? O primeiro de um sem acabar de novos contratos de associação a contratar professores precários por 600 ou 700 euros por mês, e é se querem, novinhos, claro, garantindo assim a urgente renovação geracional da classe docente, tão velha quanto bem paga?

Porque o Belmiro já deve ter percebido o alcance do cheque-ensino e da liberdade de escolha, se é que não foi um dos seus principais instigadores de bastidores aquando da elaboração do Guião da Reforma do Estado, bem como do significado da atribuição de rendas tão generosas quanto a de 85 000 euros por ano/turma, a gerir a seu bel-prazer, conforme se passa hoje em dia no maná GPS.

João Correia