Artigo:Até quando a falta de professores?

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Até quando a falta de professores?

Neste início do ano letivo, as escolas públicas e privadas confrontam-se mais uma vez com a gravíssima falta de professores, que os meios de comunicação social espelham nas diversas notícias e reportagens que publicam e que os sindicatos da FENPROF previram e denunciaram há muitos anos.

Na edição de ontem, o Público refere que, na segunda-feira passada, dia 12 de setembro, na plataforma SIGRHE, havia 676 vagas para docentes em oferta de contratação de escola, o que corresponde a um total de 9654 horas letivas por preencher. Se considerarmos que cada docente tem entre 20 a mais de 500 alunos (no caso de disciplinas como a de TIC), temos uma perceção do impacto do problema, a curto, a médio e a longo prazo.

A falta de docentes faz-se sentir, sobretudo, na área metropolitana de Lisboa e no Algarve, claramente associada ao custo da habitação, incomportável para os docentes deslocados da residência habitual e que têm muitas outras despesas associadas à sua vida pessoal e familiar.

“Em Março, a directora da base de dados Pordata e antiga directora-geral de Estatísticas da Educação e Ciência, Luísa Loura, antecipava que cerca de 100 mil alunos não teriam aulas, neste ano lectivo, a pelo menos uma disciplina. Isto se não fossem alterados os requisitos para a contratação de docentes. Na sexta-feira, o ministro da Educação, admitindo que há, nesta fase, 60 mil estudantes sem todos os professores, notava, contudo, que as medidas adoptadas para combater a falta de professores permitiram “reduzir em 40% essa estimativa”.” (in Público)

A formação de um docente a nível científico e pedagógico nas universidades e politécnicos é longa e é complementada com a experiência direta com os colegas de profissão e alunos. As recentes medidas implementadas pelo Ministério de Educação pouco impacto tiveram nas escolas e mais não fazem do que “tapar o sol com a peneira”. De igual modo, sobrecarregar os profissionais no ativo pode resolver o problema a curtíssimo prazo, mas contribui exponencialmente para o desgaste, que conduzirá muito provavelmente ao abandono ou baixas médicas.

As estratégias de “marketing político” não alteram a realidade nem a responsabilidade dos decisores.

O ministério não conseguirá atrair “novos” docentes, enquanto não acabar com a escandalosa precariedade da profissão e não criar ajudas de custo para as deslocações e a habitação.

Por outro lado, o Ministério da Educação não conseguirá atrair novos professores ou os que abandonaram o ensino enquanto não valorizar os docentes na carreira, não atualizar os salários, não melhorar os horários e as condições de trabalho e não acabar com os bloqueios no acesso ao 5.º e ao 7.º escalões e enquanto os professores não recuperarem todo o tempo de serviço congelado.

Quando é que o governo ouvirá e decidirá de acordo com as propostas de quem sabe e trabalha nas escolas?

Quando é que a educação será uma das principais prioridades do país?

Paula Rodrigues