Associação BRP, sempre atentos
Foi já na semana passada que Azevedo, Mello e Amorim anunciaram a constituição da Associação Business Roundtable Portugal (BRP), que junta 42 grandes grupos empresariais Portugueses em prol do crescimento do nosso país.
Em conjunto representam cerca de 40% da riqueza produzida entre nós em 2020 e dizem que praticam uma remuneração aos seus trabalhadores, ou serão colaboradores, de perto do dobro da média praticada no nosso país.
A BRP tem-se por apolítica, independente, autofinanciada e pretende refletir sobre as politicas de desenvolvimento económico e social, constituindo-se assim, por esta razão, como elemento de pressão junto do poder político.
Para eles, BRP, o facto de em Portugal as grandes empresas apenas contribuírem com cerca de 29% para o PIB nacional, é uma aberração económica que não pode perdurar. Em França são 53% e na Alemanha 52%.“Sem grandes empresas não há crescimento e sem crescimento não há riqueza.", parece ser o lema.
Pretendem devolver-nos a uma posição entre os 15 mais ricos da Europa e apontam 3 grandes ordens de problemas a debelar para conseguir esse desiderato;
- a pouca formação e adequação dos trabalhadores
- a falta de escala e produtividade das empresas e
- os obstáculos colocados pelo Estado
Neste sentido o Estado “não pode atravancar o crescimento e tem que ser um facilitador da atividade económica”, nomeadamente em termos de fiscalidade e morosidade judicial, penso que também nas leis laborais, e os trabalhadores têm que se adaptar para produzirem de acordo com as novas necessidades da competitiva economia global.
Sem especificar, a BRP pretende intervir na requalificação dos trabalhadores, na revitalização do tecido empresarial e na coordenação com o Estado, leia-se, na gestão efetiva do PRR.
No que diz respeito à Educação, Cláudia Azevedo considerou o modelo vigente obsoleto e notou que “Somos o último da Europa, baixo nível de formação, metade dos portugueses não têm o ensino secundário completo e em competência em Tecnologias de Informação estamos também muito longe do necessário”.
Resumindo, esta gente está sempre muito atenta e não perde uma oportunidade que seja de tomar conta disto tudo.
A "Bazuca" não lhes pode passar ao lado e a Educação continua a escapar-lhe entre os dedos.
Alegando o confisco socialista do Estado e a igualdade de oportunidades a que o Cheque Ensino nos conduziria, a Escola Pública vai estar sempre na mira dos que não a querem como elevador social e que, por outro lado, a ambicionam como fonte de receita.
Veja-se o caso da Saúde. Paulatinamente, vão tomando o lugar do SNS e muitos de nós não damos por isso ou, mais grave, até achamos bem.
Ricardo Furtado