Artigo:As provas de aferição não são solução

Pastas / Informação

As provas de aferição não são solução

As provas de aferição, tal como estão a ser implementadas, só têm acrescentado confusão nas escolas. O formato com que se apresentam leva as escolas e as famílias a vivenciarem estas provas como se de um exame se tratasse. Nas escolas, a preparação para as provas leva a dias e dias a um treino intensivo para as mesmas, quer pela realização de inúmeras provas de anos anteriores, quer (neste ano letivo) pelo ensaio da escrita em computador, uma vez que este ano se realizam em formato digital. Muitas escolas têm escassez de recursos, de equipamentos e deficiente acesso à internet, e acrescem ainda muitas dificuldades a outros níveis. Num momento, próximo do final do ano letivo, em que jovens, crianças e pessoal docente estão já em exaustão e em processos de avaliação, estas provas de aferição só acrescentam aflição.

Os professores/as conhecem os seus alunos e alunas, sabem as dificuldades e as estratégias de recuperação, as quais já expuseram ao ministério, várias vezes, mesmo anteriormente ao tão propalado plano de recuperação de aprendizagens. Os/as professores/as sabem que para melhorarem as aprendizagens são necessários mais recursos humanos e materiais, sabem que é preciso reduzir o número de alunos por turma e o número de turmas por professor, sabem que é preciso menos burocracia e sabem que é preciso que o seu horário e condições de trabalho sejam respeitados.

Mas o ministério insiste em aferir, uma aferição sem conclusão, uma aferição para mostrar serviço e justificar a aplicação dos fundos do PRR numa pretensa digitalização aplicada às provas.

Aferições que não têm consequências numa maior atribuição de recursos às escolas e numa maior atribuição de recursos a alunos e famílias.

Por outro lado, e como é referido no Diário de Notícias de hoje: “DN apurou com várias fontes que, desde o meio da tarde de segunda-feira, as "demissões" começaram a multiplicar-se, começando com os responsáveis pelos exames da zona Norte, seguindo-se o Centro e, finalmente, Lisboa. Há, a nível nacional, 35 agrupamentos de exames. Norte, Centro e Lisboa totalizam 27. (…)

Os coordenadores de agrupamentos de exames têm vindo a mostrar desagrado desde o corte salarial, aquando da troika. À questão salarial somam-se pedidos para rever outras condições laborais, como a carga horária para os professores que são responsáveis pela elaboração dos exames em simultâneo com a sua atividade letiva nas escolas onde estão colocados.”

Aos professores é sempre exigido mais e mais: elaboração, correção e aplicação de provas. Trabalho que acumula com a atividade letiva e sem mais remuneração, nem dispensa de tempo letivo.  O ME não pode continuar a exigir dos professores tudo e a não dar nada: nem contagem integral de serviço, nem respeito pelos horários de trabalho, nem pelas condições de trabalho, nem o fim da burocracia.

As provas de aferição não servem para nada: não melhoram as escolas, não dão mais recursos e não se traduzem em mais apoios às crianças com dificuldades.

Assim não!

Albertina Pena