As mentiras das guerras
No Público de domingo, 18 de setembro, com o sugestivo título “Mentiras de guerra, 235 mil à espera ou um pedaço de lua”, (pg 39), Alexandra Lucas Coelho edita um texto que começa assim: “A guerra da NATO na Líbia foi baseada em mentiras, levou ao caos e fortaleceu o ISIS, concluiu agora o Parlamento inglês.” E mais à frente: “Com uma maioria de deputados do Partido Conservador, o comité condena duramente a participação britânica na guerra, liderada por David Cameron, mas aprovada de forma esmagadora por 557 deputados contra 13.” Vale a pena ler o artigo todo. A ligação deste artigo com as mentiras sobre as armas de destruição massiva mentirosamente na posse de Saddam Hussein que “justificaram” a destruição do Iraque, guerra ilegal a que Durão Barroso amarrou Portugal e cujas dramáticas consequências continuamos a suportar, é inevitável. A descontextualizada e falsificada “visão” europeia sobre o regime de Assad traduziu-se na guerra que o povo sírio enfrenta há 5 anos. Enfim: a Europa e os EUA, pelas guerras que direta ou indiretamente provocaram na região, são os grandes responsáveis pelo caos instalado no Norte de África, de onde os habitantes tentam desesperadamente fugir para uma Europa que, com exceção de alguns poucos países, se recusa, de facto, a recebê-los. Por isso, este artigo de Alexandra Lucas Coelho é de certa forma completado pelas notícias sobre os refugiados a que o Público de 19 de setembro dedica as páginas 2 a 4. Particularmente significativa a expressão do vice-ministro grego Dimitris Vitsas: “Os refugiados não são um problema; quem é refugiado, sim, tem problemas”.
António Avelãs