Aplauso ministerial
A agência Lusa noticiou que no debate parlamentar de urgência pedido pelo PSD sobre educação, realizado ontem, 22 de Dezembro, o ministro da Educação gastou os seis minutos disponíveis para fazer um cerrado ataque aos sociais-democratas, quer em matéria de educação quer, até, acusando-os de “patrocinar” o partido Chega. «É da mais elementar justiça, o ministro da Educação vir dizer bravo às escolas, bravo aos directores, bravo aos docentes, bravo aos não docentes, bravo aos alunos e bravo também suas famílias, que mesmo num tempo tão difícil conseguiram erguer em cada escola um espaço de segurança e de confiança», saudou.
Às muitas perguntas feitas por todas as bancadas da oposição - sobre número de professores ou pessoal não docente em falta, as discrepâncias dos números oficiais de casos nas escolas e os apontados pelos sindicatos ou os maus resultados em estudos internacionais -, o ministro apenas repetiu o anúncio já feito na sexta-feira de que «Mais 260 mil computadores estão a chegar às escolas», somando-se aos cem mil já disponibilizados.
O PSD acusou o ministro de «Indigência inclassificável» e o deputado e vice-presidente da bancada Luís Leite Ramos comparou Tiago Brandão Rodrigues aos «Vendedores de feira» que falam durante horas sem dizerem nada. «Continua a empurrar os problemas com a barriga (...) Nem sequer tem respeito por quem pediu este debate de urgência, o país, as escolas, o parlamento merecem mais», afirmou.
Os protestos vieram também da parte da esquerda, com a deputada do BE Joana Mortágua a lamentar que o ministro tenha esgotado o seu tempo «Sem responder a nenhum dos problemas que se verificaram no primeiro período», como a existência de muitos alunos sem aulas ou existirem mais de mil horários de professores que pagam «Abaixo do Salário Mínimo Nacional».
Também a deputada do PCP Ana Mesquita criticou o ministro por ter «Ficado do lado de lá» - referindo-se à bancada do PSD - e optado por não responder às dúvidas da sua bancada, como quando será concretizada a proposta do partido aprovada no Orçamento do Estado para 2021 e que prevê mais 5000 trabalhadores não docentes nas escolas.
Durante o debate, a deputada do PAN Bebiana Cunha alertou para o problema do envelhecimento do corpo docente e apelou ao ministro para que, em Janeiro, «Saia do seu pedestal» e dialogue com os representantes do sector.
Pelo CDS-PP, Ana Rita Bessa optou por enumerar o que considerou serem as promessas não cumpridas do ministro, como a disponibilização de computadores a todos os alunos no arranque no ano lectivo, e lamentou que, apesar de ser o ministro «Com mais longevidade» na pasta da Educação, continue a responsabilizar o antecessor.
O deputado único e presidente da Iniciativa Liberal acusou igualmente o Governo de «Fugir às suas responsabilidades» em matéria de educação e lamentou que quem «pague o preço são milhares de jovens».
Pelo PS, o deputado Porfírio Silva contestou esta visão e, em concreto sobre a avaliação internacional TIMSS, apontou que o grande salto do país se deu entre 1995 e 2011 (um período maioritariamente de governação socialista), e que as diferenças na última década nessa avaliação estão «Ao nível das centésimas».
Francisco Martins da Silva