Artigo:Aos docentes que, no passado dia 18 de Dezembro, reforçaram a cultura da liberdade e da solidariedade, intrínseca à Escola da República do 25 de Abril: O nosso obrigado!

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Podíamos estar, neste momento – professores e educadores que somos – a reflectir em conjunto com os investigadores, a avaliar o momento em que nos encontramos, os pontos positivos e os negativos, com a intenção de chegar a um acordo sobre a matriz para o Ensino contemporâneo, um ensino que, parafraseando Edgar Morin, deverá ter como preocupação central “ensinar a condição humana”.

Sem dúvida que é nesse terreno que muitos e muitos milhares de cidadãos ligados à defesa dos valores da liberdade e da democracia, querem trabalhar.

Tal como nele estarão todos quantos já concluíram que, para garantir o seu direito a viver com dignidade, precisam de participar com a sua parte na construção da sociedade a que pertencemos, começando por garantir o desenvolvimento das forças produtivas, no quadro da cooperação solidária com os outros povos, respeitando a soberania e os valores de cada um, numa globalização inevitável, mas centrada nos valores humanos. Por isso, não lhes resta outro caminho senão juntar-se a todos quantos lutam e resistem para derrotar os golpes contra eles e contra todos.

Para partirmos para esse lugar da História, é necessário saltar para a outra margem – a margem onde não exista mais subordinação ao rolo demolidor dos tratados ao serviço dos especuladores e usurários, os tratados em que assenta a União Europeia, e que agora se materializam no programa da Troika executado pelo governo PSD/CDS.

Todos e cada um que resiste, procura participar e construir a mobilização unida, para derrotar o Governo, em cada uma das suas medidas, está a construir a ponte ou a derrubar os obstáculos para reatarmos com a construção da sociedade do 25 de Abril, que, mais do que nunca, se tornou um imperativo para podermos viver em paz e com dignidade.

Por isso, ao escrevermos esta carta aos colegas que fizeram greve no passado dia 18 de Dezembro – rejeitando o chicote que o Governo lhes ordenou que tomassem nas mãos, rejeitando a mediocridade e a subserviência – quereremos dizer-lhes que o seu acto de liberdade e solidariedade (cunho da cultura da Escola inclusiva, começada a construir com o 25 de Abril) constitui um passo de uma dimensão incalculável, para podermos partir para a outra margem.

Caros colegas,

Recusando a subserviência e a servidão, além de terem marcado positivamente os jovens professores que o Governo quer humilhar e espezinhar, tornaram mais rica a cultura da Escola Pública, aquela que todos os alunos precisam de assimilar, para se projectarem num futuro que eles próprios hão-de construir.

Infligiram mais uma derrota a Nuno Crato, como a própria imprensa reconheceu e os dirigentes de vários sindicatos, apoiados na FENPROF, afirmaram.

A partir daquele dia, a Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC) é um cadáver, como dizem muitos cronistas.

Mas, atenção, também já ouvimos dizer que o Governo era um cadáver, depois de um milhão de portugueses ter saído à rua, a 15 de Setembro de 2012, dizendo a uma só voz: “Que lixe a Troika, devolvam-nos as nossas vidas, fora com o Governo” e ele continuou e continua a destruir não importa o quê.

Em tão perseverante luta falta algo que a FENPROF e a Direcção de alguns sindicatos (como o SPGL) já começaram a tentar realizar: a frente única com todas as organizações sindicais.

Para nós, signatários desta carta, aquilo que é necessário assumir por cada militante, por cada dirigente sindical, por cada cidadão, é o passo à sua medida para construir a unidade. No nosso caso, a unidade agora para derrotar de vez a PACC, para defender os postos de trabalho de todos os docentes, do Ensino básico ao Ensino superior, para defender os investigadores actualmente colocados entre a espada e a parede: “Ou continuas a fazer ciência e sais do teu país, ou ficas no teu país e deixas de fazer investigação científica.”

Aos dirigentes sindicais que ajudaram os professores a rejeitar a ordem do Governo

Não parem de continuar, publicamente, a propor as reuniões com as outras direcções dos sindicatos da UGT, para que retomem o caminho do passado mês de Junho.

Contem connosco para defender esta orientação e com ela reforçar o SPGL. Contem connosco para defender a realização da unidade com todas as organizações sindicais e partidos da oposição, para pôr fim ao governo PSD/CDS e ao Orçamento do Estado imposto pela Troika.

Docentes, activistas, membros do SPGL (alguns em lugares de Direcção)

 e ligados à Comissão de Defesa da Escola Pública

 

Primeiros subscritores:

Carmelinda Pereira (CDEP), Isabel Guerreiro e Isabel Pires (dirigentes do SPGL), Joaquim Pagarete (Ensino universitário) e Paulo Guinote (Professor e autor do Blog “Educação do meu umbigo”)