Anunciada “task-force” para a educação
O Jornal de Notícias apresenta, na edição de hoje, uma notícia intitulada “Governo vai criar task-force para resolver horários por preencher”. Esta equipa, composta por elementos das direções gerais de estabelecimentos de ensino (Dgeste) e da administração escolar (Dgae), irá intervir em cada agrupamento, caso a caso, recorrendo "a boas práticas", de modo a resolver o problema da falta de docentes nas escolas.
A medida anunciada pela secretária de estado da Educação, Inês Ramires, durante a apresentação do estudo de diagnóstico de necessidades docentes de 2021 a 2030 feito pela Nova School Bussiness Economics, destaca a necessidade crescente de recrutamento de professores, afirmando-se que mais de 34 mil terão de entrar no sistema na próxima década.
A estratégia prevê a possibilidade de vinculação direta em quadros de escola ou quadros de agrupamento (em vez de QZP); o redimensionamento dos QZP; a revisão do modelo de estágios e a possibilidade de acesso ao ensino por parte de licenciados noutras áreas; a recuperação de um modelo de profissionalização em ensino em que os estudantes, no segundo ano do mestrado (em ensino), fazem estágio nas escolas com orientadores, enquanto a componente teórica poderá ser realizada à distância.
Segundo a mesma notícia, estava prevista a revisão do regime de concursos de professores, mas as negociações foram interrompidas devido à convocação de eleições antecipadas. Quando a esta afirmação, só resta perguntar quando é que as negociações foram iniciadas, uma vez que, há cerca de dois anos, o ministro não reúne com os sindicatos para uma discussão e negociação sérias.
A estratégia anunciada poderia ter sido antecipada alguns anos se o ministério tivesse ouvido e negociado com os sindicatos da FENPROF, que, há muito, denunciam os problemas de falta de docentes nas escolas (mesmo quando outros afirmavam que havia professores a mais), tendo apresentado um conjunto de propostas concretas e exequíveis para resolver o problema.
Cabe-nos, ainda, perguntar por que razão o ministério tem permitido o agudizar do problema sem uma intervenção de fundo. Por outro lado, se nas escolas não se verifica o reforço dos recursos humanos e materiais, a ação da “task-force da educação” vai novamente consistir na sobrecarga dos professores que se encontram no ativo?
Paula Rodrigues