ANGOLA

Várias são as notícias deste fim de semana sobre a condenação imposta a 17 jovens angolanos, primeiramente acusados de estarem a preparar o derrube do presidente de Angola - acusação por demais ridícula, uma vez que nem armas nem bombas nem qualquer medida nesse sentido foi visível - e que acabaram condenados a pesadas penas efetivas por "associação criminosa" e outras acusações da mesma natureza, acusações, ao que dizem as notícias, lançadas à ultima hora para justificar a condenação. Remeto nomeadamente para o Público de domingo.

Ninguém acredita na isenção da justiça de Luanda neste processo. Reconhece-se a farsa que isto é. Mas há quem em nome dos interesses financeiros (de Portugal ou de alguns empresários?) - o CDS e o PSD - ou  nome da não ingerência na justiça de um país estrangeiro - o PCP - tenha derrotado uma forma de pressão sobre o governo de Angola: uma moção de condenação que deveria ser aprovada pela Assembleia da República. Louve-se a coerência do PS e do BE, antepondo princípios éticos fundamentais a outros interesses ao votarem a favor da proposta.

Recordo que durante a ditadura fascista em Portugal por muitas vezes apelámos à solidariedade de países estrangeiros contra as farsas judicias que condenavam os democratas portugueses, particularmente duras contra os militantes comunistas. Também por isso a posição do PCP me entristece.

Dir-me-ão que, ao contrário desses tempos em Portugal, o governo de Angola não é uma ditadura fascista. Não é. Por isso mesmo, não pode ter comportamentos muito semelhantes ao que então acontecia no nosso país.

A pressão internacional sobre Luanda tem de continuar.

António Avelãs