Artigo:“Ainda há alunos sem aulas. Professores arrasam Ministério”

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“Ainda há alunos sem aulas. Professores arrasam Ministério”

Este não é um título tirado de um jornal de princípio de Outubro do ano passado. É de 18 de Janeiro deste ano e pode encontrar-se a encimar um artigo da secção de Educação do Expresso deste fim de semana.

Passou o 1º período escolar, o mês de Janeiro já vai a meio e não se vislumbram saídas para a crise estrutural de falta de docentes em determinados grupos e em certas regiões do país. Disto já em momentos e em artigos anteriores, repetidamente demos conta. A Anpri, a APPI e a APG, ou seja, grupos profissionais de professores da Informática, Inglês e Geografia, justamente preocupados com o problema dos seus associados e as carências das disciplinas que representam, têm recebido o silêncio como resposta aos emails que têm enviado ao Ministério a pedir audiências para discutir e encontrar soluções para os problemas. Silêncio a significar desrespeito. Silêncio a significar insensibilidade. Silêncio a significar prepotência.

Quando nas escolas onde, ingloriamente, tudo se fez para encontrar candidatos aos horários que continuam por preencher, as direcções recebem uma nota informativa da DGAE dizendo que é preciso recorrer “a ferramentas disponíveis que não estavam a ser totalmente utilizadas pelas direcções”, a que ferramentes o Ministério se estava a referir? Completamento de horários com recurso a professores de outros estabelecimentos que para isso terão de se deslocar (quem paga as deslocações? quem contabiliza os tempos gastos nessas deslocações?), alargamento dos critérios mínimos para leccionar (qualquer frequência em acções de formação em power point ou excel será o bastante!) são algumas das ferramentas que o ministério quer instituir como normal e aceitável. Naturalmente as associações de professores estão indignadas com este rebaixamento da profissão, com esta despudorada desvalorização da carreira, da função docente e, em última análise, da Escola Pública.

Em vez de valorizar a carreira e a classe docente, o ministério opta pelo facilitismo, pelo rebaixamento, pelo desrespeito. Numa de faz de conta, acena com slogans no orçamento como é o alargamento da “Escola a Tempo Inteiro” para o 2º ciclo. Os alunos ficam mais tempo presos na escola, os patrões agradecem porque precisam que os pais das crianças fiquem mais horas na empresa, os pais ficam descansados porque sabem que os filhos estão resguardados. A escola como depósito a quem serve? A ninguém. Nem aos pais, nem às crianças. Nem à sociedade.

Almerinda Bento