Artigo:AÍ ESTÃO OS EXAMES DA 4.ª CLASSE

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Há quem considere um “crime pedagógico” e há quem entenda como uma medida absurda, alheia a qualquer processo sério de avaliação de alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Uma coisa é certa, os exames não acrescentam qualidade ao ensino; o que acrescentaria seria a melhoria das condições de trabalho nas escolas e isso não tem vindo a acontecer, pelo contrário. Na Europa apenas os ministros da Educação de Portugal e Malta parecem encontrar justificação para impor exames a crianças de 9 e 10 anos, faltando, no entanto, conhecer o que pretendem provar com isso.

Mas nem a preparar este atropelo pedagógico o MEC foi competente e, por essa razão, obrigou pais a transportarem os seus filhos para os locais de exame e crianças a assinarem declarações de honra sobre a não utilização de telemóveis. Também a desorganização da vida nas escolas que são sede de agrupamento foi evidente, com muitos alunos dos outros ciclos de ensino a ficarem à porta da escola até às 10 horas, aguardando o final da prova de exame dos seus colegas mais pequenos.

Afirmou um membro da equipa do MEC que a realização do exame torna os alunos mais responsáveis… estranha-se esta justificação governativa, pois o que deveria pretender-se é que a responsabilização fosse, tal como a avaliação, permanente e continuada e não apenas algo que deverá estar presente em um ou outro momento da vida, neste caso escolar.

Em Portugal, contudo, o problema pode ser ainda mais grave, pois o atual ministro, para além da fixação por exames tenta ainda recuperar para o sistema outros pilares em que assentava uma velha e salazarenta escola que, mesmo antes do 25 de Abril, começou a ser enterrada. São disso exemplos as seguintes opções, já em curso ou com intenção declarada:

– desvalorização dos currículos, distinguindo-se disciplinas ditas essenciais de outras;

– fim da gratuitidade de respostas educativas e socioeducativas na escolaridade obrigatória;

– aumento do número de alunos por turma;

– agravamento dos horários de trabalho;

– desvio precoce de alunos para vias profissionais e a sua desvalorização.

Sinal ainda maior do retrocesso que se abate sobre a Escola Pública e a sociedade portuguesa é o regresso da fome ao país, entrando, diariamente, pela porta da escola, sem que se vislumbrem medidas de ação social que possam contrariar este caminho tão negativo.

Os “exames da 4.ª classe” são apenas mais um sinal dos (maus) tempos que se vivem. Acabar com eles está mas nossas mãos, desde logo tudo fazendo para levar o atual governo à demissão!



 

                                                   O Secretariado Nacional