“Aeroporto no Montijo pode levar à perda de 30% das áreas de alimentação das aves”
“Sabemos que o estuário do Tejo é um ponto de paragem obrigatório para algumas espécies. É ali que recuperam energias e forças. Se perdermos qualidade num ponto estratégico como este, isso vai reflectir-se nas populações inteiras que aqui param. E por isso é que as organizações internacionais estão tão preocupadas com esta situação.” Alertam os autores de um artigo recentemente publicado na Bird Conservation International sobre um estudo realizado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
O artigo explica-nos uma das “tecnicalidades” que permitiu a aprovação do projeto em sede de Estudo de Impacte Ambiental, fazendo luz de como o conhecimento científico pode ter utilizações criativas para justificar pretensões obviamente absurdas e incompreensíveis:
1º - A Ciência estabeleceu que a partir de 65 decibéis (dB), a probabilidade de reacção das aves é superior a 47% — o que significa, muitas vezes, que o bando levanta voo e abandona, ainda que temporariamente, o local de alimentação, sendo que num aeroporto com voos a descolar a cada 2,5 minutos e a operar 24h, não é difícil imaginar a insustentabilidade da situação.
2º- No Estudo de Impacto Ambiental considerou-se 75 dB como valor de referência, “erro relevante”, de acordo com os autores do artigo citado, já anteriormente denunciado por outros investigadores.
Mas o António Costa, o PS, e muitos outros lá fizeram como é normal fazer, fingir que não se vê, continuar a insistir no ecocídio, pois, afinal, os pássaros não votam e os ecologistas são meia dúzia.
Não há realmente o tal planeta B para onde estas aves possam ir, e a preocupação por este problema é internacional, como se refere no artigo do Público.
A aprovar aeroportos em zonas como esta estaremos apenas a dar mais um sério golpe na Biodiversidade mundial, a qual se encontra em trajetória francamente descendente.
A civilização tem que ser melhor que isto.
João Correia