Artigo:A “normalidade” da abertura do ano letivo e a colocação dos professores - (Anabela Delgado)

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Os atuais governantes fazem questão em fazer crer ao comum dos cidadãos que tudo o que foi feito pelos antecessores ou foi errado ou está fora de moda. Ele (o governo de agora) é constituído por gente moderna com vontade de mudar tudo o que foi feito de errado, até a Constituição, como sabemos!

Tal é a vontade de desfazer de tudo o que tem sido feito ao longo dos anos que vários governantes e, em particular o 1º ministro, não tem vergonha de se expor ao ridículo… basta recordar um recente discurso numa das inaugurações de instalações escolares ocorridas na semana passada. Quem o ouvisse e não vivesse neste País, ao ouvir afirmações do tipo - longe vão os tempos em que as aulas não se iniciavam no período agendado… - ficaria convencido de duas mentiras óbvias: que só depois de este governo entrar em funções é que as escolas passaram a iniciar o ano letivo com normalidade e que este ano letivo está a começar com normalidade.

Infelizmente nada disto é verdade. Este ano foi o primeiro ano, depois de mais de uma dezena de anos, que o ano letivo se iniciou com falta dum elevado número de docentes. O mais grave desta situação é que, ao contrário do que acontecia nos longínquos anos em que as aulas começavam sem um número elevado de professores estar colocado, este ano a situação ocorreu premeditadamente. Isto é, se o MEC quisesse tinha todas as condições para ter colocado a maioria dos docentes em falta nas escolas ainda em agosto e o ano iniciar-se-ia com normalidade pois os professores estariam a tempo nas escolas para participar com os restantes colegas no arranque do ano. O mecanismo do concurso permitia que isso tivesse sido feito!

Contudo, porque ao governo e ao MEC o que interessa são números, protelaram a colocação dos docentes contratados na esperança de evitar a contratação de uns poucos, obrigando as escolas a refazer a lista das necessidades de docentes que, na maioria dos casos foi a repetição da que anteriormente tinha sido enviada.

A participação nas atividades de arranque do ano letivo é coisa que não importa, o desespero daqueles que ansiavam saber se tinham ou não emprego ainda menos importa. Perante as exigências dos memorandos e das troikas que importam os cidadãos?! A modernidade destes governantes reside nesta postura: desde que possam apresentar-se no estrangeiro como bons alunos, vale tudo – afinal quando saírem (não sabemos quando mas vão sair!) é importante a imagem que deixam aos estrageiros, há sempre a hipótese de um qualquer contrato milionário numa qualquer instituição, banco ou gabinete.

Entretanto nas escolas prosseguirá o trabalho, os professores que ficaram desempregados continuarão a tentar ser colocados através dos concursos de escola (TEIP e escolas com contratos de autonomia) que continuam a ser premeditadamente retiradas do concurso para efeito da colocação de docentes contratados. Os alunos, continuarão à espera dos professores mas o ano começou!

Anabela Delgado