Artigo:a voz a quem entra | João Botelho

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a voz a quem entra | João Botelho

Sara Covas
| Dirigente SPGL |

Em 2015 bateu o recorde de Vítor Baía com o maior número de minutos sem sofrer golos. João Botelho, nascido em Ponta Delgada, ex-jogador do Santa Clara, está hoje a fazer estágio no Agrupamento de Escolas de Mem Martins em Ensino de Português e de Língua Estrangeira no Ensino Básico e Secundário.

Sara Covas - Um profissional de futebol quando acaba a carreira normalmente escolhe uma área aproximada, tu foste para o ensino e para o ensino de línguas. O que te motivou?

João Botelho - Para responder a essa pergunta eu acho que tenho de explicar as duas dimensões da minha decisão. Primeiro, porque é que eu não estou ligado ao futebol, e a resposta é muito simples. Futebol tem os seus prós e contras e na minha balança, que é pessoal e apenas minha, os contras estão em vantagem e eu decidi não estar ligado ao futebol. Essa é a resposta simples. Por outro lado, o que me fez e faz estar motivado para trabalhar na área do ensino? Quando decidi que o futebol não era o que eu queria fazer, decidi recomeçar a estudar, estava em plena licenciatura e fui ganhando apreço, carinho, muito respeito pelos professores com que me fui cruzando. E, ao mesmo tempo, os maus professores deixaram-me com a sensação de que podia fazer um bocadinho melhor do que aquilo que estava a ser feito. Estes dois lados, dentro desta última dimensão, foram-me motivando, foram crescendo. Este gosto de ver um bom professor e ter um bom professor. E eventualmente quando chegou a hora de decidir, quando eu já estava no final de licenciatura e tinha de decidir o que fazer no próximo ano, quase que não tive dúvidas, eu queria estudar mais e queria ser professor. Por isso estou a realizar o meu mestrado em Ensino de Português e de Língua Estrangeira, com especialidade em Português e Espanhol. Mas também acho que a minha ideia não é ficar por aqui. Pretendo fazer um doutoramento, depois de acabar o mestrado, e estar mais ligado ao ensino superior.

SC - Tens tido apoios por estares deslocado a fazer mestrado?

JB - Não, não tive, não tenho e não vou ter qualquer apoio por estar deslocado a fazer o mestrado. O único apoio que eu tenho é da minha família, dos meus próprios investimentos que me permitem estar aqui a fazer três anos de licenciatura e agora dois anos de mestrado. O ano letivo passado eu ainda trabalhei durante o ano como professor contratado e tive um ordenado que este ano já não estou a usufruir, nem como estagiário. Não há qualquer apoio, há simplesmente um investimento da minha parte e da minha família.  

Texto original publicado no Escola/Informação Digital n.º 44 | novembro/dezembro 2024