Artigo:A vida continua…também para os professores!

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A vida continua…também para os professores!

No programa televisivo “Princípio da Incerteza” de 13 de março, António Lobo Xavier fez a apologia da subsidiação direta da indústria dependente do consumo de grandes quantidades de energia, dando o exemplo de um setor que “conhecia bem”, o da produção de embalagens de vidro, no qual, no seu dizer, a despesa em energia passou de 170 milhões de euros/ano para 800 milhões/ano desde 2021.

Por outro lado, temos vindo a assistir na comunicação social à manifestação de uma onda de reivindicações da parte de representantes de outros setores económicos afetados, mormente na área dos transportes e dependentes diretamente da variação dos preços dos cereais,  estando ainda por definir de que forma poderá a União Europeia e o Governo atender ao tsunami de necessidade decorrentes do aumento do custo de matérias-primas, havendo já a registar fenómenos pontuais de açambarcamento em lojas, sinal do pânico que as consequências da guerra na Ucrânia começam a induzir nas mentes mais vulneráveis.

De forma geral, prevê-se um agravamento substancial do custo de vida por via de inflação, estando por definir qual será a política do Banco Central Europeu no que refere às taxas de juro num cenário de guerra em plena europa, assim como as políticas nacionais e europeias de absorção de um choque que se vem juntar às consequências ainda bem presentes da crise financeira de 2008 e às mazelas causadas pela atual pandemia.

No caso dos professores, há a relevar um texto publicado pela Fenprof relativo aos impactos brutais do aumento dos combustíveis na vida daqueles professores que se deslocam muitas dezenas, ou até centenas, de quilómetros para poderem trabalhar, sendo este o tipo de análise que urge fazer como base para a apresentação de propostas concretas que permitam mitigar (pelo menos), para já, os impactos económicos da guerra, a qual veio agudizar tendências inflacionistas pré-existentes.

No mesmo texto são ainda propostas soluções transitórias para os professores mais afetados, na forma de uma atualização dos valores pagos nas deslocações em serviço e “a todos os que se deslocam das suas residências para as escolas em que estão colocados, a título transitório, um subsídio correspondente ao aumento dos combustíveis, considerado a partir do passado dia 7 de março.”

Claro que os desafios impostos pela guerra da Ucrânia transcendem em muito o simples remedeio; convocam as grandes questões estruturais ligadas à produção de energia, dos transportes, do comércio mundial, da Defesa, etc., em que, contudo, nós, trabalhadores e nós, sindicatos, não podemos perder o Norte que nos guia: a centralidade do trabalho na organização da sociedade, pois é através do trabalho que a riqueza se tem de distribuir, de forma justa e equitativa. As rendas terão de vir depois na hierarquia das prioridades.

João Correia