Artigo:A TRISTE FIGURA DE NUNO CRATO - António Avelãs

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Notas sobre a entrevista de ontem (12 de setembro de 2013) do ministro Nuno Crato à SIC:

- Antes das perguntas, a SIC passou algumas imagens e declarações do professor Nuno Crato, então “comentador” no programa “Plano Inclinado”. Aí, pudemos recordar como o professor era (então) contra os mega-agrupamentos, que considerava um absurdo pedagógico. Seria normal que o ministro tentasse justificar a mudança radical da sua posição: com o seu governo os que eram agrupamentos tornaram-se mega e ao que eram mega tornaram-se híper. Com o seu silêncio, Crato ajudou à propagação da tese de que os políticos defendem uma coisa e o seu contrário conforme estão na oposição ou são governo. Triste figura.

- Questionado sobre se as rescisões se aplicavam também aos professores, o ministro “meteu os pés pelas mãos” e falou não do plano das rescisões (ditas) amigáveis, mas de uma coisa completamento diferente: a mobilidade especial, também chamada “requalificação”. Baralhação que nem o nervosismo (?) de uma entrevista pode justificar. Triste figura ou talvez impreparação.

- A estafada treta da “média de alunos por turma”: em que é que o facto de um professor ter, por razões várias, uma turma de 10 alunos, alivia o outro que tem turma de 30? Este não ficará nada aliviado só porque a média é 20. Poderão as escolas fazer turmas de acordo com a média, que, segundo o ministro é de 20/21 alunos?

- O que entende o ministro dobre a “liberdade de escolha da escola pelos pais”? Confrontado com uma situação evidentemente aberrante – uma escola da cidade de Coimbra tinha aceitado, com a concordância do MEC, a criação de uma turma do 5º ano, que o mesmo MEC agora anulou, obrigando, contra a vontade manifesta dos pais, a transferir essas crianças para bem longe, ou talvez para o colégio privado mais próximo – o ministro disse não se pronunciar sobre factos concretos que desconhece. Mas insistiu que agora também no ensino básico os pais podem escolher a escola para os seus filhos. Como ficou bem demonstrado pelo exemplo atrás expresso… De resto, todas as escolas aceitam há vários anos alunos no básico desde que tenham vaga. Têm é que dar prioridade a quem mora na área…

- O professor Nuno Crato concordou com a lúcida intervenção de uma mãe, segundo a qual, o “colégio” pode oferecer mais segurança e tranquilidade, mas que a formação nas escolas públicas é de muito maior qualidade. O ministro Nuno Crato, porém, parece apostado na proliferação de colégios privados – financiados pelos dinheiros públicos, como é da praxe dos “defensores das leis do mercado” – em detrimento da escola pública… O professor Nuno Crato e o ministro Nuno Crato são incompatíveis?

António Avelãs