Artigo:A taxa sobre lucros extraordinários

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A taxa sobre lucros extraordinários

“O ministro do Ambiente garante que Portugal não irá opor-se a uma taxa sobre lucros extraordinários”. Este é o “lead” de uma pequena notícia do Púbico de hoje (22 de setembro), na página 23 com o título “Governo admite “mais respostas” para a crise”.

É uma afirmação tão frouxa e subserviente que nos deixa melancólicos. Países governados por partidos de direita defendem a taxa. Portugal, com maioria absoluta de um PS que se diz de esquerda - e cujos altos dirigentes já se manifestaram contra - diz apenas “que não se opõe” (era só o que faltava!). O PS de Portugal, numa matéria com implicações evidentes de justiça social, coloca-se à direita da direita europeia.

Confesso que tenho dificuldade em entender as justificações avançadas pelo governo. Alega que “em Portugal, o sector energético já paga uma contribuição extraordinária, o que poderá representar um entrave à aplicação de uma nova taxa”. Presumo que esta taxa que já é paga é anterior a esta situação inflacionária que permite lucros extraordinários a empresas energéticas, mas também aos grandes supermercados, etc. E é sobre esses lucros que alguém já adjetivou de “obscenos” que alguma direita europeia propõe lançar uma taxa cujas receitas deverão ser aplicadas no apoio aos mais carenciados. Que o PS se limite a dizer que “não se opõe” é deveras lamentável. Que estranha "esquerda é esta"!

António Avelãs