A Sra. Lagarde e o OE 2022
Ontem, com o devido destaque na comunicação social, Christine Lagarde esteve em Portugal para participar, entre outras, na reunião do Conselho de Estado.
Fica sempre bem e acrescenta importância e significado, a presença de um figurão da finança internacional nas reuniões, ao mais alto nível, de pequenos países periféricos e economicamente endividados. Já tínhamos, recordemos, sido agraciados com a presença inspiradora de Mário Draghi.
Mas ontem, sobretudo, Lagarde veio clarificar, com o seu alto conceito económico-financeiro, a razão do chumbo do OE2022.
De facto, como poderia o PS ceder nas questões laborais se, no seu entender, foram precisamente essas medidas estruturais que, no período de ajuda financeira, nos permitiram ultrapassar a crise da "dívida soberana". É que com a caducidade, a facilidade nos despedimentos, a precariedade, os baixos salários, os bancos de horas , etc, , etc, as empresas ficam mais ...é isso, resilientes.
Infelizmente, todos nós conhecemos bem demais Christine Lagarde, e as iniciativas que teve enquanto ministra das finanças de França que a levaram, porque é assim que se pagam os favores na alta finança, como vimos, por cá, com o ministro Vitor Gaspar, à presidência do FMI e, depois à liderança do BCE.
Com Lagarde estaremos sempre em dívida, aliás os pequenos países pobres estarão sempre em dívida, em incumprimento e no lixo das agências financeiras.
Com Lagarde a dívida dos Países será sempre soberana..
Com Lagarde e seus iguais à frente da finança mundial, é factual, o mundo não só não melhorou como não pode de alguma forma melhorar.
Lamentavelmente, o dramático de toda esta conjuntura que nos é apresentada como inevitável e, por isso, inelutável, parece ser que Lagarde e os seus ainda não perceberam (será?) que a desestruturação das regras de trabalho, visando apenas o lucro das empresas, não é só um problema laboral, é um retrocesso social com consequências devastadoras para a nossa civilização.
Ricardo Furtado